uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
José Gomes Pereira

José Gomes Pereira

64 anos, engenheiro mecânico

Nasceu a 3 de Junho de 1944 em Lisboa e é na capital do país que reside. Todos os dias percorre cerca de 60 quilómetros até à Metalúrgica Benaventense - Ribatejo, Alfaias Agrícolas, com sede em Benavente. É administrador geral da empresa há 15 anos e sempre foi um apaixonado pela engenharia. Trabalha com afinco e sente que o sucesso da empresa que gere reside na qualidade do fabrico das máquinas agrícolas que considera “as melhores do país”.

Sou director-geral da Metalúrgica Benaventense há 15 anos. Esta é uma empresa familiar que nasceu em 1919. Faz em Novembro 90 anos. Actualmente já vai nos netos do fundador, Joaquim Baptista de Almeida. Quando foi fundada fazia enfardadeiras, bombas de água e charruas. A zona de Benavente foi a primeira de Portugal a ser mecanizada. Somos uma metalúrgica porque trabalhamos o metal. Mas somos conhecidos como “charruas” do Ribatejo. O nosso logótipo é um campino.Compramos o aço e transformamos o aço em máquinas. Somos uma fábrica de máquinas agrícolas. Actualmente somos 31 trabalhadores. A maioria trabalha no fabrico de alfaias. Temos uma linha de produtos que vendemos a empresas. Ao todo temos 200 clientes espalhados por todo o país. Produzimos 1.500 máquinas por ano, principalmente charruas. É a máquina mais utilizada na lavoura. Sinto que há uma certa campanha contra a charrua quando os novos processos agrícolas defendem a sementeira directa e que o solo sem fazer lavoura é melhor para a agricultura. Não concordo Orgulhamo-nos de fabricar as melhores charruas no mercado em Portugal. Ganhámos vários campeonatos de moto lavoura. Infelizmente, deixaram de existir sem que me explicassem porquê. Se calhar porque a Ribatejo ganhava sempre (risos). A qualidade do nosso trabalho é o grande trunfo da empresa. O saber acumulado de 90 anos faz a diferença. Somos poucos, o trabalho é variado e temos projectos para desenvolver. Um director-geral tem que estar a cem por cento numa firma.Estou ligado à empresa há cerca de 20 anos. Fui eu que comecei com a exportação. Vendemos para África e também para Espanha. Em 2006 exportávamos 26 por cento do nosso fabrico, em 2007 exportávamos 25 por cento e em 2008 exportámos 35,9 por cento da nossa produção. Gosto de fazer isto e aos nove anos já dizia que queria ser engenheiro mecânico. Comecei a minha formação nesta área na Escola Industrial, depois no Instituto Industrial, agora chamado ISEL, o curso de Electricidade e Máquinas e, mais tarde, no Instituto Superior Técnico o curso de Construção Mecânica. Mantive sempre a minha formação na linha desta profissão. Não fui engenheiro mecânico por acaso. Desde miúdo que já gostava de mexer nas coisas. Com o feitio que tenho, estou quase 24 horas a trabalhar. Levo muitas vezes trabalho para casa. Ao domingo à tarde já começo a preparar a semana. Penso que é o brio profissional que me leva a isto. Da porta da minha casa à porta da fábrica são 60 quilómetros. Gosto de viver em Lisboa e também de experimentar a calma do Ribatejo. Este contraste é saudável. Já pensei em mudar-me para Benavente mas ainda bem que não o fiz. Gosto de ver cinema, ir ao teatro e de ler, embora a maioria sejam livros técnicos. Não se tem olhado para a agricultura em Portugal como deve ser. Presentemente estamos a atravessar uma crise que já vem de há cinco anos e que advém de nunca se ter valorizado o produto agrícola. Fica mais barato comprar lá fora. Cada vez mais os campos estão abandonados e as pessoas estão menos motivadas para estar na agricultura. Toda a indústria matalúrgica deste país está em maus lençóis.
José Gomes Pereira

Mais Notícias

    A carregar...