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Vera Lopes

28 anos, assistente social, Cartaxo

“Cada vez há mais situações graves de pobreza até por causa do nível do desemprego que está a aumentar no nosso concelho. Há pessoas que estavam a contar com aquele dinheiro ao final do mês e que por suspensão de trabalho estão a ver limitados os seus rendimentos. E depois não conseguem pagar as contas e isso vai agravando a situação. Muitas deixam de comer para pagar a casa ou voltam para casa dos pais”

Já alguma vez pediu o livro de reclamações?Nunca pedi. Já fui mal atendida, mas nunca mais voltei. É normalmente essa a minha estratégia (risos)…Tem tempo para ver televisão?Não tenho tempo nem quero. Lá em casa não se vê televisão. Há televisão, mas só para ver desenhos animados no canal 2. É uma escolha que se prende com a falta de qualidade. Mas vemos muitos filmes que alugamos ou compramos. Os pais deveriam acompanhar os filhos a ver televisão?Sim. Porque há desenhos animados demasiadamente violentos. Coisas horrorosas. Os pais poderiam permitir, mas estar ao lado deles e explicar-lhes que é brincadeira. Se os pais não puderem estar o melhor é não deixar que vejam televisão sozinhos.O Cartaxo é uma cidade segura?Sim. Não tanto como há 20 anos, quando era criança. Por causa de tudo o que ouvimos vamo-nos tornando mais cuidadosos. Quando era pequena a minha mãe não se importava que eu andasse de bicicleta pela estrada do bairro e agora não é bem assim. Não deixava a minha filha de quatro anos andar sozinha de bicicleta. Que cuidados tem com a alimentação?Evitamos gorduras e doces lá em casa e fazemos muitos grelhados. Que trabalho gostaria de desenvolver um dia?Gostava muito de ser investigadora na área do serviço social, mas é muito difícil fazer essa carreira em Portugal. A minha ideia seria pesquisar sobre a forma de trabalhar dos técnicos de serviço social. Adaptar novas técnicas para melhorar o trabalho.A pobreza está a aumentar?Cada vez há mais situações graves de pobreza até por causa do nível do desemprego que está a aumentar no nosso concelho. Há pessoas que estavam a contar com aquele dinheiro ao final do mês e que por suspensão de trabalho estão a ver limitados os seus rendimentos. E depois não conseguem pagar as contas e isso vai agravando a situação. Muitas deixam de comer para pagar a casa ou voltam para casa dos pais.Qual é a sua perspectiva para 2009?Duvido que se consiga dar a volta à crise. Acho que vamos continuar como estamos. Talvez lá para 2012 as coisas melhorem um bocadinho.A culpa é dos políticos?É nossa. Nós não reivindicamos muito. Deixamos andar e vamo-nos afundando. O consumismo é cada vez maior e as pessoas vão-se afundando em créditos e em dívidas. As pessoas vivem acima das possibilidades e depois não conseguem suportar o nível de vida que tentaram adquirir. É nessa fase que vêm ter comigo…

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