A crise também chegou à organização das festas?Claro que sim. Não se pode gastar dinheiro em artistas como em anos anteriores. Mesmo assim vamos ter os Anjos, Perfume e a banda Função Públika nas noites de concertos. Além de contarmos com o Quim Barreiros a tocar na noite de sexta-feira, dia 13, uma “oferta” da Câmara de Santarém. Penso que temos artistas à altura das festas, apesar de sabermos que temos empresas com mais dificuldades que noutras alturas.Já fizeram alguma “loucura”?Em 1988, quando fui juiz das festas, contratámos a Elba Ramalho por 3.500 contos, muito dinheiro à época, mas ficámos com medo de não conseguir pagar. Por isso combinámos que cada membro da comissão teria de entrar com 100 contos do seu bolso se houvesse algum azar. Afinal foi um dos maiores concertos de sempre, com uma receita de mais de seis mil contos. Para estas festas, esteve em “negociações” com S. Pedro?Nas festas de Amiais costuma estar mais mau tempo que bom. Mas nós gostamos das festas e vamos sempre independentemente da chuva. No primeiro ano em que convidámos o presidente Moita Flores para a procissão de sábado esteve muito mau tempo e aguentámos todos. Se é para ir, vai-se mesmo. Eu até me lembro que numa festa, em 1992, fui em mangas de camisa quando estava muitíssimo frio. O que alguns não sabiam é que com um grupo de amigos tinha apanhado uma bebedeira de whisky e estava quentíssimo por dentro (risos).É uma festa marcante para quem é natural da freguesia.A festa tem um figurino igual a todas as outras mas é o momento mais importante para os amienses, a altura do ano em que todos se reúnem com familiares que trabalham longe ou mesmo fora do país. Mais importante que a festa do Natal, é a nossa festa da família.Para tanta gente chegar a Amiais de Baixo é que não é tão fácil, com as acessibilidades que existem. A nossa prioridade, a qual temos falado com a câmara há alguns anos, seria uma ligação de Amiais de Baixo e Abrã a Tremês, ligando à Estrada Nacional 362 para Santarém, pois a estrada que existe é péssima, cheia de curvas e perigosa. Amiais de Baixo precisa dessa “via rápida”, é muito necessária em termos até de actividades económicas. A Estrada Municipal 506, que liga Amiais a Malhou, também deve ser alvo de beneficiação.Em matéria de acessibilidades já acordámos com a Câmara de Santarém a necessidade de repavimentar um troço com cerca de um quilómetro a partir de Amiais. Além de ter muitas curvas o pavimento está muito liso e nos últimos anos já ali aconteceram cerca de 50 acidentes, felizmente sem consequências de maior.Poucas obras em tempos de criseA freguesia tem-se desenvolvido como deseja?Não posso dizer que esteja muito satisfeito. 2008 foi um ano muito difícil e de poucas concretizações. Não o exijo à junta nem à câmara, porque sabemos das dificuldades. Soube há poucos dias que tinham sido adjudicadas duas obras de arruamentos na freguesia, mas de facto foi um ano difícil. Primeiro foram os incêndios, depois o tornado e agora a crise geral. Como está a situação das empresas e do emprego na freguesia?As coisas não estão bem. Não digo tanto em relação às cerâmicas, mas as outras actividades económicas estão com menos actividade. Sinceramente, não sei como as empresas vão sair da crise.A onda de assaltos e furtos na freguesia já passou de vez?Sinceramente, não estou a gostar do patrulhamento da GNR. Continua a haver assaltos e ainda há dias interpelaram de carro uma senhora que ia na rua para lhe perguntarem para onde era Leiria e levaram-lhe a mala. Não estou a questionar o patrulhamento da GNR de Rio Maior e se calhar a GNR de Santarém tem poucos elementos, mas estamos mais necessitados de patrulhamento na rua. A escola e o centro de dia foram assaltados, levados computadores, e penso que se poderia ter ido mais longe na investigação criminal, porque foram deixados vestígios.Como outras freguesias rurais, Amiais de Baixo também deseja aumentar o seu perímetro urbano para se expandir?As pessoas têm falado de outras localidades, mas Amiais também precisa de fazer alguns reajustamentos. Temos algumas áreas de expansão para onde se pode alargar o perímetro urbano. É o caso das ligações a Amiais de Cima, ao Canal e a Malhou. Mas sinceramente não conheço nada do processo de revisão do plano director municipal. Penso que não terá andado nada até à data neste mandato e já nem o irá fazer até final.Com a secção dos Bombeiros Voluntários de Pernes a funcionar em Amiais de Baixo, a freguesia está mais precavida dos grandes incêndios que já a marcaram?É verdade que estamos capazes de dar uma primeira resposta mais capaz. Aliás, no caso dos bombeiros tem funcionado mais como um posto avançado mas existe um projecto para criar num terreno cedido pelo centro de dia um mini quartel de bombeiros, com capacidade para quatro viaturas e 20 homens. O que esperamos ver concretizado o mais breve possível e que será importante. Com o kit de primeiros socorros instalado numa viatura que a câmara nos ajudou a adquirir, e com a formação que oito homens receberam, é uma primeira resposta a incêndios mas também a problemas de entupimento em condutas.Por falar em saneamento básico, espera que até final do mandato seja criada uma nova estação de tratamento de águas residuais?Existe um plano de trabalhos para que a ETAR seja intervencionada em 2009. Não sei ainda se para construir uma nova e servir também Amiais de Cima, ou para recuperar aquele equipamento. Sei que foi lançado concurso recentemente e que será das primeiras do concelho a ser intervencionada. No que respeita ao saneamento, falta apenas instalar na zona da estrada que liga ao Canal e substituir três ou quatro condutas na freguesia que têm mais de 20 anos.