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Clarividente Serafim das Neves

Estou às aranhas como tu em relação a essa coisa dos dadores benévolos de sangue. E até nem tenho dormido bem por causa do raio da tua pertinente questão. Efectivamente se os grupos de dadores de sangue que conhecemos se intitulam benévolos é porque há por aí dadores malévolos. Eu já levei uma transfusão e desconfio que o sangue veio de um dador malévolo. Vê lá que de vez em quando me apetece rachar alguns políticos de alto a baixo. Isto não é normal? Olha, se algum dia eu me passar e fizer asneira, vê lá se me defendes!! Lembra-te desta nossa conversa. Diz que o problema foi da transfusão. E se o crime tiver sido a verificação através do método de apalpação da autenticidade dos seios de alguma dama, defende-me ainda mais. Posso contar contigo, amigão??!!!Outra coisa que me tem atirado assim para o meditabundo é o Museu do Ar. Ando preocupadíssimo de todo. O que vão fazer os cidadãos de Alverca sem aquele museu? O que será da cidade sem os milhares de turistas que ali acorrem diariamente para ver o hidroplano do Gago Coutinho e do Sacadura Cabral? Desconfio que se o museu sair, Alverca vai ser a Islândia portuguesa. Desemprego, manifestações de rua, queda da junta de freguesia, crash do mercado bolsista…angustio-me dos pés à cabeça quando imagino o negro cenário. Um museu faz muita falta a uma terra. É um equipamento essencial. Terra que não tenha museu nem devia vir no mapa. Alverca vem no mapa por causa do museu. Eu nunca entrei naquele museu e desconfio que a maioria dos habitantes de Alverca também não, mas só o conforto de saber que o museu está lá e que dá à cidade aquele ar cultural que a cidade tem…E não estejas com esse sorrisinho escarninho ao canto da boca. Parece mesmo que o estou a ver. Um museu é como…sei lá…uma bicicleta daquelas que estão sempre no mesmo sítio, por exemplo. Daquelas que toda a gente compra para fazer ginástica mas que nunca utiliza. Ninguém utiliza mas está lá na salinha das arrumações adaptada a mini ginásio, para mostrar a toda a gente que ali mora um atleta. Eu se fosse de Alverca também me sentiria orgulhoso de morar numa terra que se equivale a qualquer capital Europeia. Paris tem o Louvre. Madrid tem o Prado. Londres tem o Museu Britânico. Alverca tem o Museu do Ar. Et voilá!! (Acho que se traduz por: Toma!!).Tenho acompanhado com vivo interesse aquele caso da criança de Almeirim que vive na mesma casa de um doente esquizofrénico. Vive ou vivia, já não sei. Pelo que percebi iam retirar a criança à família para a proteger de qualquer ataque do senhor. Esta maneira muito portuguesa de resolver os problemas encanta-me. Marca a nossa diferença cultural em relação ao resto do mundo. É uma espécie de fado social. Quem se iria lembrar de uma solução destas??!! Nos outros países vai-se logo pelo mais fácil. Interna-se o doente e já está. Não se tem em consideração a liberdade individual. O direito à doença. O direito a ser esquizofrénico no domicílio. Em Portugal os direitos são respeitados. A criança fica mais feliz longe da família. Não é obrigada a comer a sopa toda. Não tem que fazer os trabalhos da escola. Não tem que arrumar o quarto. Ah Serafim, Serafim. Só me apetece gritar a plenos pulmões: Viva Portugal, Viva!!!Um bacalhau nacionalistaManuel Serra d’Aire

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