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Produtores de milho temem futuro negro para o sector

Produtores de milho temem futuro negro para o sector

Congresso Nacional do Milho decorreu em Tomar sem membros do Governo

Presidente da CAP acusou ministro da Agricultura de estar “a cavar a sepultura" dos agricultores.

Os 55 mil produtores de milho portugueses estão na iminência de viver uma situação de “grande crise”, fruto do aumento de 50 por cento, no último ano, dos custos de produção e de, actualmente, o preço dos cereais ser semelhante aos valores que se praticavam nos finais da década de 80. O alerta foi dado dia 5 de Fevereiro pela Associação Nacional dos Produtores de Milho durante o V Colóquio Nacional do Milho que decorreu em Tomar e que reuniu 400 empresários do sector. Na sessão de encerramento do congresso, cerca das 18h30, a crítica à actual política agrícola do Governo foi tónica dominante no discurso de Luís Vasconcelos e Sousa, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS), que o próprio reconheceu ser “pessimista” e, particularmente, nas palavras de João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP). Luís Vasconcelos e Sousa relembra que são muitas as famílias portuguesas que dependem exclusivamente da cultura do milho, para quem se prevê um futuro negro. “O milho chegou a estar a 24 cêntimos o quilo, neste momento anda na ordem dos 16. Essa é a questão de fundo, voltamos a afundar os preços”, aponta. Vasconcelos e Sousa, refere que os produtores “estão sem saber se vão ou não” semear no próximo mês devido ao baixo preço do produto final num momento em que os custos dos factores de produção, como as sementes e os adubos, estão muito elevados. Para o responsável, “caso este cenário não se altere, a situação vai generalizar-se a outras culturas que não só o milho. Vai ser um ano bastante difícil”, apontando que muitas culturas podem ser abandonadas em algumas zonas do país. Refira-se que a maior bolsa de produção de milho do país é o Ribatejo com uma área de 27.000 hectares.A ANPROMIS critica igualmente a falta de investimento público por parte do Ministério da Agricultura. “Não tem havido ajudas ao investimento, o que tem sido uma estratégia totalmente desajustada por parte do Ministério da Agricultura”, afirma. “Estivemos três anos sem haver nenhum apoio público ao investimento em Portugal. E não se podia dizer que não há dinheiro porque o dinheiro nem é português, 80 por cento do dinheiro era comunitário. Acaba por não se utilizar o dinheiro, o que é péssimo para o sector” explica o presidente da associação que representa os produtores de milho. Já João Machado acusou o ministro da Agricultura, Jaime Silva, de estar a “a cavar a sepultura" dos agricultores e de ter um diálogo que visa "denegrir" o sector perante a opinião pública. Palavras que foram aplaudidas pelos muitos congressistas que enchiam a sala onde, durante todo o dia, se debateram as questões relacionadas com o sector. Lamentou ainda que “num congresso desta importância no panorama nacional” nenhum membro do Governo tivesse aparecido para ser confrontado com as ideias dos agricultores. “Não faz mal, sei que eles vão receber na mesma as nossas inquietações”, apontou. Para o presidente da CAP, o anúncio do ministro da Agricultura de que a crise não chegou ao sector, é de "propaganda" e visa descredibilizar os agricultores e "desculpar a ausência de políticas dos últimos quatro anos" numa política que considera ausente no que concerne aos apoios à agricultura. Situação que diz ser agravada por um diálogo permanente com a comunicação social e a opinião pública que visa denegrir os agricultores", apresentados como "receptores de subsídios", afirmou. João Machado lamentou ainda que o III Quadro Comunitário de Apoio termine com a perda de cerca de 150 milhões de euros, verba que, apesar dos mais seis meses concedidos, não vai ser possível executar.
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