É esta a nossa infeliz justiça. O ladrão falta, quase nada lhe acontece mas se o lesado falta é multado. Bonito! Esta prática acontece com os agentes de autoridade no exercício das suas funções, que por vezes chegam a ir a Tribunal 6 e 7 vezes pelo mesmo caso porque o arguido não aparece. Mas se os agentes faltarem, mesmo estando de férias longe da Comarca, são multados e comunicado ao seu Comando para efectuar a cobrança.Fernando  C. CastroHá, de facto, em Portugal, um mal-estar evidente. Não raras vezes, somos confrontados com a ideia verrinosa de que “isto” está bom para os que, despudoradamente, vão subtraindo aos legítimos donos tudo o que apanham à mão e ainda por cima são desculpados com uma qualquer ideia peregrina de que são produto de uma sociedade que não educa.Depois, há a sensação de que as leis que este pobre país vai produzindo atendem mais à defesa dos que as violam, do que às vítimas dessas violações. E se as leis produzidas deixam muito a desejar, a sua aplicação, mesmo que séria e honesta, leva-nos, a todos, ao desespero de pensarmos que não vale a pena apanhar os infractores, pois logo a seguir são devolvidos à liberdade e à sua actividade preferida - roubar, furtar, gamar, enfim, prejudicar quem se preocupa em construir um património edificado em trabalho sério .A descrença na Justiça, em Portugal, mais do que um dogma, assume-se, cada vez mais, como uma sensação que nos deixa os nervos à flor da pele. Sem prejuízo do respeito que os Tribunais nos merecem, não deixa de ser importante referir que a aplicação da Lei não pode divorciar-se daquilo que é o convencimento popular.E se é verdade que os senhores advogados, no cumprimento do seu mister, têm toda a legitimidade para defender os interesses dos seus constituintes, não é menos verdade que, porque essa defesa é, muitas vezes, um absurdo, devem estar preparados para ouvirem o desespero das vítimas dos seus constituintes dizer, como se diz na gíria popular: “não me mije para as botas que o preço da graxa está pela hora da morte!”Francisco GonçalvesPenso que haveria de existir mais compreensão por quem fala segundo os seu sentimentos, como poderá ser o caso desse senhor que se diz lesado. Os/as funcionários/as dos tribunais deveriam entender que a revolta do ser humano será algo inerente às situações e não a “uma falha”.Ana Maria Fernandes