A revolta dos comerciantes de Alverca
Não sou contra a abertura das grandes superfícies comerciais mas acho um exagero o licenciamento de mais espaços do género sem as cautelas devidas. Em Alverca, como em Santarém, cada vez que as autarquias cedem aos poderes dos grandes empresários da distribuição estão a cavar ainda mais fundo a morte do pequeno comércio. Pior ainda: estão a criar condições para que as cidades percam vida, fiquem ainda mais desertas ao final da tarde e ao fim de semana, e deixem de ser local de encontro e de progresso.Não sou contra a abertura de lojas de chineses ou de indianos mas sou contra a abertura indiscriminada destas lojas em qualquer rua ou avenida. Se a Câmara de Santarém deixar abrir no centro histórico, de forma indiscriminada, lojas de quinquilharias lá se vai a oportunidade de ganhar, com as obras e os investimentos que estão a ser feitos no centro da cidade, a oportunidade de dar vida nova ao centro histórico.A revolta dos comerciantes de Alverca por causa da abertura de uma grande superfície comercial tem todo o sentido. Por essa Europa fora há muitos anos que os governos locais perceberam que o pequeno comércio é imprescindível à vida dos cidadãos. Por isso apoiam a abertura de pequenos negócios, dão incentivos aos artistas locais para abrirem ateliers de arte, apoiam a abertura de lojas ligadas às novas tecnologias, à restauração, incentivam artistas plásticos e associações locais de cultura e desporto a promoverem o desenvolvimento em áreas que as grandes superfícies comerciais desvalorizam e desprezam por não gerarem grandes lucros.Sem comércio de qualidade não há cidade que ofereça vida de qualidade aos cidadãos.Por dar corda a mais aos assuntos abordados nas últimas crónicas fui obrigado a barbear alguns textos. Recupero esta semana uma dedicatória que deveria ter acompanhado uma das últimas crónicas. Nunca é tarde para sermos gratos. Nunca é demais falar daqueles que de uma forma ou de outra marcaram a nossa forma de estar e de ver o mundo. Dedico esta crónica a Joaquim Rodrigues Bicho, de Torres Novas, e à memória de António Bento, da Chamusca, e Júlio Rodrigues, de Vila Franca de Xira, pessoas muito diferentes na sua forma de trabalharem como jornalistas mas que ainda hoje nos servem de referência. JAE
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