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Decidir. Agir. Fazer.

Tenho para mim que, com a idade, vamo-nos habituando a ser menos temperamentais e mais serenos. É aquilo a que vulgarmente se chama “calo” ou “maturidade”. Não obstante este facto, estou convicto, à medida que o tempo passa e a idade avança, que há coisas que não mudaram na nossa personalidade e feitio. Que são intrínsecas a cada um de nós. Genéticas, mesmo.Anseio fazer coisas. Sou um homem de acção. Gosto de tomar decisões. Não receio o erro e estou sempre pronto a corrigi-lo. Talvez, por isso, não hesito em “mexer” em situações complicadas. Confrontar interesses. E, na política e na economia/comunidade, não tenho mesmo receio em afirmar que o que distingue os responsáveis é esta característica.Para mim, efectivamente, existem aqueles que só falam e aqueles que falam e fazem. Aqueles que só se querem valorizar e aqueles que concretizam. Os que prometem e os que cumprem. Os que têm coragem e assumem as suas decisões, ainda que por vezes erradas. Por outro lado, aqueles que, cobardemente, ou não decidem ou não assumem as suas decisões.Esta minha reflexão vem a propósito de três situações distintas, sobre as quais me debrucei recentemente e que gostaria de partilhar com os leitores de O MIRANTE.1 - A par de concretização de investimentos públicos estruturantes, ao nível do nosso concelho, da região e do País, entendo como inevitável uma descida dos impostos. A nível local, já o fizemos, com a descida bastante significativa do IRS, do IMI e da derrama. A nível central entendo que é inevitável concretizar essa descida ainda este ano, para ajudar as nossas famílias e as nossas empresas quanto mais rápido melhor. E acredito que é também exigível, no curto prazo, agirmos sobre a maior progressividade desses impostos, isto é, faz todo o sentido que quem tem mais rendimentos pague mais impostos e apresente menos deduções e abatimentos. É inevitável a implementação de uma taxa de imposto, superior a 35% para os rendimentos muito elevados.Assim, como é perfeitamente admissível que a população com rendimentos baixos, e muito baixos, possa ter uma dimensão maior de deduções das suas despesas sociais e uma taxa marginal de impostos menor. Só assim vamos conseguir “manter” uma classe média, capaz de estruturar um equilíbrio económico e social na nossa comunidade. Também só assim vamos conseguir reduzir, com o tempo, a grande disparidade entre altos e baixos rendimentos, onde 20% dos portugueses detêm para cima de 80% do rendimento criado.Sou um defensor acérrimo da criação de riqueza e estou convicto que, no nosso País, só vamos fortalecer a nossa economia com um grande aumento da nossa produtividade e competitividade. Mas, é premente, sobretudo nos tempos difíceis que correm, agirmos rapidamente nos mecanismos redistribuidores da riqueza criada.2 - Um segundo pensamento resultou de uma prolongada conversa acerca da maior ou menor sensibilidade social dos nossos responsáveis e dirigentes.Uma crise da nossa economia real sucedeu a uma crise financeira, que resultou essencialmente do rebentamento do “balão artificial” em que se encontravam, globalmente, os instrumentos de poupança e de investimento.O desemprego vai continuar a crescer porque as nossas empresas não têm condições de mercado e financeiras para suportar os elevados custos face a uma quebra significativa dos seus proveitos. As economias melhor preparadas para enfrentar estas coisas são aquelas que, em devido tempo, pouparam. Portugal tem uma situação muito complicada nesta matéria. Viveu, nos últimos anos, com crescentes deficits orçamentais públicos e foi notável o crescimento da nossa dívida pública e privada ao exterior. Ou seja, consumimos muito mais do que aquilo que produzimos. Perante este facto, existe uma opção política muito difícil que tem de ser tomada pelos nossos governantes.Temos, temporariamente, de agravar, ainda mais, os nossos desequilíbrios estruturais para ajudar as nossas famílias e empresas.Para além do reforço dos investimentos públicos estruturantes e da descida de impostos, que já advoguei anteriormente, temos de criar, desde a administração local, à regional e à cultural, medidas concretas de apoio à sustentabilidade de emprego.Instrumentos que valorizam as mudanças profissionais, a formação técnica e o apoio social às famílias mais carenciadas. Sinalizar e apoiar directamente as famílias que já estavam, ou entraram agora, em risco de pobreza extrema.E, nesta matéria, é que se vai distinguir entre aqueles que, verdadeiramente, têm uma consciência e acção social e aqueles que, infelizmente só a apregoam.3 - Uma terceira situação tem a ver com as habituais cenas de “caça às bruxas”, em ano de eleições. Não estou a referir-me, nem sequer me vou pronunciar sobre isso, ao famoso caso Freeport que parece que se transformou na principal preocupação e problema do nosso país. Vou referir-me e, concretamente, aos ataques pessoais, políticos e partidários a que eu, e a minha equipa, temos sido sujeitos ao longo dos últimos anos, e que se acentuam sempre em períodos eleitorais. Já começámos com as novelas das divisões de equipas e do(s) concurso(s) de pessoal. Mais recentemente, as ilegalidades cometidas na Casa das Peles ao longo dos últimos 12 anos, por vários autarcas, por causa de um PDM de 1998, que definiu incorrectamente aquela zona como agro-florestal. Uma situação que está, hoje, a ser ultrapassada com a actual revisão do PDM. Mas que, de um momento para o outro cria uma polémica imensa, tendo, como principal alvo, eu próprio. Mas as polémicas irão, seguramente, alastrar-se a outras áreas.As cartas anónimas e os comentários e acções sem assinatura provada com que algumas (poucas) pessoas abordam as entidades inspectivas merecem o meu, e estou convicto que, também o da maioria dos munícipes do meu concelho, repúdio absoluto. A credibilidade das mesmas é nula, dada a cobardia daqueles que se escondem por detrás desses mecanismos.Os Cartaxeiros podem ter a certeza do seguinte: Continuarei a tomar decisões e também continuarei, conjuntamente, com a minha equipa, a mexer em interesses políticos e económicos instalados na Câmara há bastantes anos e que, fruto das mudanças que fizemos, desapareceram ou foram punidos de forma competente.Estou de consciência tranquila. E continuo motivado, como há 10 anos atrás, no sentido de terminar o mandato de obra, para modernizar o nosso Concelho e as suas 8 freguesias.Não terão sucesso aqueles que procuram desviar a nossa atenção, e a da maioria da população que vive no nosso Concelho, do caminho de trabalho e do rumo de mudança que empreendemos para satisfazer as necessidades e as ambições da nossa população. Com uma visão de futuro para a nossa terra.Porque, com os anos que levo como autarca, tenho a confiança de que a grande maioria de nós sabe quem são esses (poucos) frustrados, sem projecto de desenvolvimento para o concelho, bem como aqueles que o tempo e a nossa intervenção encarregou de afastar, porque a sua acção era mais prejudicial do que benéfica.*Presidente da Câmara Municipal do CartaxoPaulo Caldas

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