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Ao ritmo do samba imposto pela batucada, Constantino Serrador

Ao ritmo do samba imposto pela batucada, Constantino Serrador, conhecido na terra como “Fidel Castro” pela devoção ao líder cubano, vai olhando de soslaio as meninas do samba que despidas de preconceitos apresentaram o Carnaval de Samora Correia numa noite fria de Inverno. A demonstração da Escola do Paraíso Tropical decorre no Palácio do Infantado, mas não há vestígios de monarcas na sala. São republicanos, os foliões que como Constantino aplaudem a exibição das sambistas que os prometem levar ao paraíso nos desfiles de domingo e terça-feira no ‘sambódromo’ improvisado nas ruas da vila. Constantino nunca foi ao Brasil, mas também não tem curiosidade de conhecer um país onde “o capitalismo esmaga os pobres, como estão a fazer aqui em Portugal”. Para este operário que trabalhou no duro até que a saúde o permitiu, Cuba é um verdadeiro paraíso “porque foi bem governado por um homem que olhou pelos pobres”. Constantino nunca visitou Havana e até precisava para tratar dos seus olhos no país “onde estão os melhores médicos do mundo e onde a saúde é para ricos e pobres”. Todos os anos evoca o nome de Fidel Castro quando coloca a máscara e desfila no Carnaval. Sozinho, porque não gosta de entrar em grupos muito organizados, ao contrário da mulher, Maria Augusta que já foi rainha do Carnaval. Constantino Serrador não usa máscara, dá a cara e manifesta o seu inconformismo perante as desigualdades geradas pelo capitalismo. “A miséria é cada vez maior. Os pobres vão morrer à fome. E os gajos da banca a enriquecerem”, comenta numa roda de amigos. O Carnaval é um bom momento para continuar a lutar por um mundo mais justo e o folião não se vai deixar vencer pela crise.Nelson Silva Lopes

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