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A história do Café Central

É muito raro encontrar uma pessoa que fale bem de Santarém. Pior do que isso: é raríssimo falar com uma pessoa de Santarém que goste da cidade, que manifeste amor e admiração pela sua cidade. Não estou a falar do que se vai escrevendo nos jornais e que é pretexto para certas opiniões. Estou a falar da voz do povo, do testemunho do cidadão que encontramos ao balcão do café, na banca de jornais, no restaurante ou no meio da rua.O problema de Santarém é que a fama de cidade hostil, deserta e pouco hospitaleira já vem de longe.O meu gosto pela cidade nasceu do hábito de frequentar espaços culturais e de participar em iniciativas ligadas à cultura e ao desporto. Estou a falar de há 25 anos atrás. Já nessa altura se anunciava que a cidade morria todos os dias nos braços do fim da tarde, na caliça de um centro histórico abandonado, no colo de uma população envelhecida que, já nessa altura, não contava para o totobola. A história do Café Central é o melhor exemplo para caracterizar o estado a que isto chegou. Depois de muitas vicissitudes a autarquia gastou uma fortuna para ficar com o espaço em nome dos interesses históricos e das tradições. E o que é que aconteceu ao Café Central ? Está fechado. A montra parece a de um espaço abandonado. Não há empresário que arrisque uma renda para devolver o café ou o restaurante à cidade.Santarém nunca esteve debaixo de armas de fogo. Não passou por aqui uma guerra mundial que fizesse do centro histórico um monte de entulho e deixasse os escalabitanos sem tecto e, assim, provocasse a debandada da população.Foram outras as guerras que pararam Santarém no tempo. Por outras razões não há criatividade, vida artística, investimento cultural, lojas modernas, espaços de lazer, transportes públicos, livrarias, alfarrabistas, museus, bairros e ruas com vida própria; em resumo: foram outras as guerras perdidas que esvaziaram a urbe e fizeram de Santarém uma das capitais de distrito mais pobres do país.Quantos Carlos Abreus e Ruis Barreiros é que podemos somar para explicar a falência dos Cnemas, das obras no campo Emílio Infante da Câmara, das ruínas na Ribeira de Santarém, da falta de um grande pólo universitário, da falta de ligação ao rio Tejo ? Quantos políticos e agentes do concelho e que estão por detrás de décadas de política caseira, de negócios mal explicados, como é o caso do Festival de Gastronomia, de opções políticas que sempre tiveram mais em conta os interesses instalados que os verdadeiros interesses da cidade de Santarém ?JAE

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