Tem corpo de mulher de 70 anos, mas um sorriso e um espírito divertido como se tivesse 20.
Tem corpo de mulher de 70 anos, mas um sorriso e um espírito divertido como se tivesse 20. Ascensão Cunha é uma mulher que já fez muita coisa na vida e agora leva a sua boa disposição à Universidade Sénior de Almeirim (USAL). Onde convive, onde gosta de conversar, de contar as suas histórias de vida e aprender com as histórias das outras pessoas. Umas mais velhas, outras mais novas. A sua grande paixão é conversar. Ascensão Cunha foi uma das primeiras a entrar para USAL e já fez coisas que nunca imaginava. Já foi modelo numa passagem de moda no Cine-Teatro de Almeirim para angariar fundos para a Liga Portuguesa Contra o Cancro.Diz a rir que não gosta de estar parada e agora até tem um emprego. Toma conta de uma senhora com 87 anos. Foi trabalhadora na fábrica da Compal, esteve 12 anos a cuidar do marido doente. Tem três filhas, duas delas gémeas. Tem uma vida cheia de bons momentos mas também agruras que parecem não lhe ter afectado o gosto por viver. Chegava a acompanhar o marido nos campeonatos de pesca desportiva. E para não ficar sem fazer nada agarrava-se também a uma cana e pescava para passar o tempo. Em muitas ocasiões era a única mulher. Não se sentiu incomodada quando um dia entrou na sede do União de Almeirim para jogar no bingo e todos os homens fizeram uma cara de espanto por verem a primeira mulher a entrar num reduto masculino. Ao fim de um tempo era uma jogadora temida. “Quando me viam entrar diziam logo: pronto agora já não ganhamos mais nada”, recorda. Não é mulher de vergonhas, de rodeios. Quando regressava dos concursos de pesca com o marido e este e os amigos entravam numa tasca, Ascensão ia atrás deles. E não se fazia rogada quando tinha que beber uma cerveja ou um tinto. “O meu marido costumava dizer que se pescava ao lado dele tinha que beber como ele”, lembra a rir. São 70 anos bem preenchidos os de Ascensão Cunha, que foi também uma das primeiras empregadas do antigo hospital de Almeirim. Hoje sente-se uma almeirinense, mas nasceu na Portela das Padeiras, arredores de Santarém. De onde saiu aos 18 anos para se juntar com o que viria a ser o seu marido. Diz que saiu de casa dos pais apenas com uma mala de cartão, tal como a canção de Linda de Suza. Hoje tem sete netos e uma enorme alegria de viver que não deixa indiferente quem está a seu lado.António Palmeiro
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