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João Chora

João Chora

49 anos, bancário e fadista

Nasceu na Chamusca a 26 de Março de 1959 e é nesta vila ribatejana que reside. Em criança queria ser cavaleiro tauromáquico mas acabou por formar-se em contabilidade. Concilia há 20 anos a actividade de bancário na Caixa de Crédito Agrícola da Chamusca com a actuação em espectáculos de fado. Bem-humorado, gosta de fazer trocadilhos com as palavras e tenta viver a vida com uma atitude positiva, sempre com responsabilidade e profissionalismo.

A música entra na minha vida desde muito novo. À medida que cresci fui cultivando este gosto. Passei por experiências musicais de vários estilos. Comecei por integrar o coro da igreja da Chamusca, depois aprendi a música de baile, música tradicional e, finalmente, surge o fado na minha vida. O meu pai cantava e arranhava um bocadinho de viola. Sempre esteve ligado a actividades culturais da terra, especialmente ao teatro. Foi a maestrina do coro da igreja que percebeu que eu tinha jeito para a música. Tinha os meus 10 anos e acabei por ficar lá outros dez. Depois investi na minha formação instrumental. Aprendi a tocar piano e só mais tarde viola. O fado começa na segunda metade da década de 80. No início a tocar para quem canta. Mais tarde como fadista. Nunca tive aulas de canto. Em pequeno queria ser cavaleiro tauromáquico. Na Chamusca ninguém me conhecia como João Chora mas sim como João cavaleiro. Concilio perfeitamente a vertente musical com a actividade de bancário. Sou, desde há um ano, gerente do balcão da Carregueira da Caixa Agrícola da Chamusca, instituição bancária à qual estou ligado há vinte anos. Sempre fui melhor aluno a letras do que a ciências mas acabei por fazer um curso de contabilidade, área onde trabalhei durante dez anos. Por volta dos 30 anos ingressei nos quadros da Caixa Agrícola. Felizmente ou infelizmente, nunca tive a necessidade de optar por uma das minhas duas actividades. Gosto de evocar o nome do Ribatejo nos meus espectáculos. Recordo em particular um que produzi para a EXPO’ 98 chamado “Ribatejo Fadista: Fado, Fandango e Poesia”. Foi um espectáculo muito caprichado que juntou 12 músicos do Ribatejo. Foi o meu arranque na vertente da produção de espectáculos de palco que vou realizando ao longo do ano. Actualmente conjugo a vertente que tenho de músico com a parte de produção, agenciamento e apresentação de espectáculos, essencialmente na área do fado. O fado está, hoje em dia, muito renovado. Não me choca a introdução de novos instrumentos. Recordo que no primeiro disco que gravei, em 1996, o José Cid deu-me um inédito para gravar e ele próprio inseriu o som de um acordeão na balada. Numa outra ocasião, fiz um espectáculo na Chamusca que deu origem ao disco “João Chora ao vivo na Chamusca” onde também toquei dois temas ao piano. O Custódio Castelo tem sido o guitarrista nos meus discos. Mas também o amigo e o produtor e o arranjador musical. Há sempre um toque muito genuíno da parte dele. Certa vez, num espectáculo estava um bocadinho constipado e cantei um bocadinho à defesa. Deu um efeito engraçado à voz porque acabei por “estilar”o fado. No final o Custódio Castelo disse-me que devia estar mais vezes constipado porque cantei muito bem (risos). Tento levar as coisas à séria, com responsabilidade e profissionalismo. Aliás, há uma frase muito gira do (José) Cid sobre mim: “É o fadista amador mais profissional que eu conheço”. Vivo na Chamusca porque é uma terra à qual estou muito agarrado. Faço, durante um mês, muitas viagens para Lisboa. É um caminho que o meu carro já sabe de cor. Como tenho outra actividade profissional acabo por passar muito tempo na Chamusca. Mas não coloco de parte viver na capital e estar a tempo inteiro na música. Confesso que nos últimos tempos tenho pensado muito nisto. Mas devemos dar tempo ao tempo porque o tempo corre e não cansa.Elsa Ribeiro Gonçalves
João Chora

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