uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Torricado com bacalhau para o Ribatejo conquistar turistas pelo estômago

Torricado com bacalhau para o Ribatejo conquistar turistas pelo estômago

Confraria entroniza novos confrades no segundo capítulo em Samora Correia

Torricado era comida de pobres que alimentava os ranchos que trabalhavam na monda do arroz na lezíria ribatejana. Hoje é um prato especial que poucos restaurantes servem a preceito.

Uma aposta na qualidade da confecção do torricado e no serviço dos restaurantes é a receita dada pelo “Pau Mandado Principal” da Confraria do Torricado com Bacalhau, Carlos Almeida para promover o mais típico dos pratos da lezíria ribatejana. No segundo ano de vida da confraria e depois de percorridos os principais restaurantes da região, a confraria reconhece que “ainda há muito por fazer” para valorizar o prato onde o bacalhau assado desfiado é colocado sobre um pão torrado e untado em azeite virgem e alho.O porta voz dos confrades aproveitou a presença do presidente da Câmara de Benavente, António Ganhão, e de várias entidades ligadas ao turismo para realçar a importância da promoção do torricado na abertura do segundo capítulo da confraria que reuniu meia centena de amantes da gastronomia tradicional no domingo em Samora Correia.O edil considerou que o trabalho da confraria cria maior responsabilidade na promoção do torricado e na sua valorização como um produto genuíno do concelho de Benavente. António Ganhão enalteceu a iniciativa dos confrades e garantiu o apoio do município na caminhada pela afirmação do prato regional. João de Oliveira Costa Godinho, um homem que cresceu na lezíria de Samora, defendeu que o torricado tem de ser feito com paixão e precisa de tempo e ciência. O segredo começa no pão e no bacalhau e passa pela forma como é torrado o pão e assado o bacalhau.“O torricado fazia-se no campo. O pão era de qualidade, cortado com uma faca bem afiada e era posto a torra só quando o lume estava no ponto”, recorda. Segundo João de Oliveira, o torricado era o prato que alimentava os ranchos de pessoas do Norte que trabalhavam na monda do arroz porque era um prato barato e calórico. “O bacalhau era o prémio que se dava aos últimos nas Cavalhadas”, ironizou. Hoje o bacalhau já não é acessível aos pobres e o torricado é um prato caro. Uma dose num restaurante “normal” custa em média 10 euros.Promover o torricado com qualidade e estimular a sua introdução nos cardápios dos restaurantes da região é o objectivo da confraria que no domingo entronizou três novos confrades. Rogério Silva, António Dionísio e Francisco Carvalho juraram ser fiéis ao torricado e engordaram a confraria que reúne todos os meses num restaurante da região para provar um novo torricado e fazer a sua avaliação.No almoço de domingo foi escolhido o restaurante “O Fandango” de Benavente onde decorreu um almoço que teve como segundo prato o Cozido de Carnes Bravas Ribatejanas e foi regado com um tinto Escolha da Companhia das Lezírias. Um arroz doce ribatejano foi servido à sobremesa. Depois cantou-se o fado ao som da guitarra de José Carlos Marona e da viola de Alberto Corga. Antes do almoço os convidados foram brindados com um actuação do Rancho Ceifeiras e Campinos da SFUS onde o fandango fez as delícias dos confrades e acompanhantes.Os representantes das confrarias e as entidades convidadas receberam uma peça feita de cortiça genuína onde se perpetua o segundo capítulo da confraria e ao longo do almoço ouviu-se o som do chocalho para recordar o tempo em que os rurais comiam no campo ao lado do gado bravo. Puro Ribatejo, neste regresso ao passado.
Torricado com bacalhau para o Ribatejo conquistar turistas pelo estômago

Mais Notícias

    A carregar...