Fábio Zeferino, 10 anos, entrou há um mês para o União Desportiva Vilafranquense e tem no torneio de mini-basquetebol do Xira 2009 um dos primeiros jogos em competição. O jovem basquetebolista, residente na Castanheira, é um dos atletas que participaram no último fim-de-semana em mais um torneio organizado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, desta vez no pavilhão da Fundação CEBI, em Alverca. “Gostava de jogar basquetebol e quis experimentar. Quero continuar aqui durante muito tempo”, explica Fábio. A equipa de sub-11, que defrontou a formação da Fundação CEBI, foi uma das quatro participantes na competição, intercalar entre os torneios regionais. Para João Pereira, 12 anos, do Benavente Basket Clube, a modalidade também é uma paixão, mas de mais longa data. “Estive dividido entre o futebol e o basquetebol. Joguei no Benavente há dois anos, fiz paragem um ano e voltei há cinco meses. Sinto-me muito mais feliz nesta modalidade”, garante a O MIRANTE.“É uma modalidade muito técnica, em que nada pode ser feito ao calhas. Antigamente havia o mito do jogador alto mas quem ganha hoje são os mais baixos. A modalidade evoluiu e o que conta é ser flexível e estar atento em campo”, explica João Pereira. O capitão de equipa dos sub-13 de Benavente quer continuar, no futuro, ligado à modalidade, na área da educação física ou como treinador. O jovem reconhece, no entanto, que “em Portugal não há muito apoio à modalidade, só o futebol é mais estimulado”. Os dois atletas não se chegaram a encontrar durante a manhã desportiva porque pertencem a dois escalões diferentes. A Fábio coube defrontar a equipa do CEBI. No campo de João, o jogo foi com as jovens do Unidos do Forte da Casa, a única equipa de basquetebol feminino do concelho. No resultado, foram visíveis as diferenças competitivas. “O nosso primeiro objectivo é garantir que se faz o aproveitamento das raparigas que querem competir na modalidade. Com a falta de tempo para treinar no pavilhão municipal do Forte da Casa, andamos a brincar ao basquetebol”, considera Fernando Gomes, treinador da equipa do Forte da Casa. “Temos dois pavilhões desportivos em escolas e que são de uso exclusivo dos alunos, estando vazios fora do horário das aulas”, sublinha o técnico. A procura da modalidade por jovens raparigas faz-se sentir e a equipa já teve jogadoras de locais como Póvoa de Santa Iria, Santa Iria da Azóia, Sobralinho ou Sobral de Monte Agraço. O treinador nota que “aparecem algumas raparigas ou senhoras que conseguem competir, mas não são encaminhadas. Ticha Penicheiro e Mary Andrade são dois bons exemplos de jogadoras que competem nas melhores ligas europeias. Da Ticha, a única coisa que a federação aproveitou para promover a modalidade no feminino foi incluir a sua imagem no poster de um torneio de basquetebol de três para três”. Para Rui Ferrage, responsável pelo mini-basquetebol na Fundação CEBI, as câmara municipais também têm uma palavra a dizer na promoção do basquetebol masculino e feminino. O próprio torneio Xira 2009, aponta, “está menos dinâmico, depois da redução de verbas decidida pela câmara municipal. Chegámos a ter animadores subsidiados, transportes para os atletas, entre outros apoios. No CEBI, temos temos todas as condições que qualquer equipa gostaria de ter, mas noutros locais do concelho, isso não acontece”, relata. No final, jogadores e jogadoras estava satisfeitos com mais um fim-de-semana passado entre dribles, passes e lançamentos ao cesto. As cerca de três dezenas de jovens mostraram como o basquetebol resiste ao desinteresse pelo desporto da parte das entidades oficiais.