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Francisco Moita Flores*

“É certo que a adjudicação de uma política transversal esbarra em vários escolhos. Infelizmente, nem todos os dirigentes são maiores do que os problemas que enfrentam e sendo este um ano eleiçoeiro, tenho pouca fé pois os umbigos autárquicos e as conveniências partidárias vão sobrepôr-se a interesses superiores às lógicas egoístas do poder”.

A crise que aí está, e cujos efeitos tardam em ser conhecidos nas suas consequências mais radicais, impõe ao poder local um conjunto de prevenções, cuja face mais visível são piedosas iniciativas visando a diminuição da carga de sofrimento que gradualmente vai atingindo mais famílias, que têm de, em primeira instância, produzir emprego. Não existe crescimento sem produção, para produzir é necessário que as empresas e as autarquias invistam, para que tal aconteça é preciso mão de obra, para que o ciclo económico se inverta é necessário que exista dinheiro em circulação para o consumo, para aquisição de bens de longa duração. É uma sequência de exigências cujos resultados não se exprimem de forma imediata. É um processo lento de recuperação e em rede. Isto é, não sairão da crise cidades e concelhos como cogumelos independentes, mas num movimento económico feito de interacções. E numa região como a nossa, fortemente influenciada pelos resultados sociais e económicos da região metropolitana de Lisboa, teremos condições para sair da depressão mais depressa do que outras zonas do país.Ora, neste quadro de resistência e combate, tornava-se urgente a articulação de esforços entre o tecido empresarial da região (Oeste e Vale do Tejo), autarcas, associações sindicais, instituições bancárias por forma a responder de forma adequada ao problema. É certo que a adjudicação de uma política transversal esbarra em vários escolhos. Infelizmente, nem todos os dirigentes são maiores do que os problemas que enfrentam e sendo este um ano eleiçoeiro, tenho pouca fé pois os umbigos autárquicos e as conveniências partidárias vão sobrepôr-se a interesses superiores às lógicas egoístas do poder. Quanto a Santarém, estamos disponíveis para esse desafio. A criação de uma política comum de combate à crise. Noutras vertentes temos desenvolvido com os restantes três concelhos da ex-CULT da margem direita e é profícua a relação com a maioria dos concelhos do Oeste, aqueles que do ponto de vista estratégico mais homologias congregam para vários desafios.Sem produção de riqueza, sem circulação de dinheiro, sem estímulos à actividade económica não se vê o princípio do fim da recessão. Dependendo para fundos comunitários da CCDR Alentejo, claramente fechada em si própria e em manifesto desprezo pelo Vale do Tejo, por sua vez dominada por solidariedades mesquinhas de âmbito partidário não se consegue impôr ao desvario sectário e dramático da Presidente daquela comissão, percebe-se que a construção de uma política coerente, transversal, solidária é muito difícil. Mas não é impossível. Basta que os homens desejem ser maiores do que os problemas que enfrentam. Não é um problema político. É, acima de tudo, um acto de coragem e de carácter.*Presidente da Câmara Municipal de Santarém

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