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Bordar é brincar com as agulhas e soltar a imaginação

Bordar é brincar com as agulhas e soltar a imaginação

Maria José Mancelos transformou um passatempo em actividade profissional e dá aulas

Desde Janeiro deste ano que os bordados passaram a ser a sua principal e única actividade profissional, após abrir um atelier em parceria com a amiga Célia Amaro.

É no meio de linhos, quadrilés, talagarssas, estopas e algodão, materiais com que borda ponto cruz, bainhas abertas, ponto cheio ou richellie que Maria José Mancelos, 50 anos, passa os seus dias. Aprendeu a bordar em criança, nas aulas de Lavores e Trabalhos Manuais, e lamenta que já não exista esta disciplina nas escolas como havia no seu tempo de aluna.Os bordados sempre foram um passatempo na sua vida mas desde Janeiro deste ano passaram a ser a sua principal e única actividade profissional quando decidiu abrir um atelier de bordados em parceria com a amiga Célia Amaro, em Almoster, concelho de Santarém.Os bordados que executam diariamente estão à venda, mas o principal objectivo do atelier de Maria José e Célia é ensinar todas as técnicas e truques dos vários pontos utilizados para bordar. No primeiro dia de aulas apareceram três pessoas. E aos poucos têm aparecido cada vez mais.“Existe uma enorme procura para aprender a bordar com os vários pontos. Percebemos que é uma actividade que as pessoas gostam e querem aprender. O problema é não haver uma disciplina destas na escola. Os jovens não têm contacto com o bordado e, por isso, não sabem se gostam ou não uma vez que nunca experimentaram”, explica Maria José Mancelos.As bordadeiras entraram em contactos com as várias juntas de freguesia do concelho de Santarém para lhes ser disponibilizado um espaço para darem aulas ao maior número de pessoas possível. Até agora receberam a confirmação das juntas de Almoster, Marvila e São Nicolau. Quem quiser pode dirigir-se à Junta de Freguesia de São Nicolau às terças-feiras durante todo o dia e na Junta de Marvila às quartas-feiras também durante todo o dia. As aulas são abertas a toda a gente. De todas as idades. “Quem sabe e quer aperfeiçoar a técnica mas também para quem não sabe e quer aprender”, pode ler-se no panfleto de divulgação espalhado pelas ruas do concelho.Maria José e Célia Amaro bordam quadros com nomes inscritos, enxoval de bebé, cueiros, porta-chupetas, toalhões, camisas de noite de grávida. Não consideram uma actividade cara. Só têm que comprar o tecido e as linhas. Depois é só bordar. Trabalhando a tempo inteiro num quadro, este fica concluído numa semana. Mas se for um porta-chupeta já é possível fazer vários num dia.Apesar do seu ponto preferido ser o ponto cheio, que se faz retirando alguns fios que ficam pendurados, construindo-se um pontinho à volta desses fios, o ponto cruz é o mais conhecido e o mais utilizado nos bordados. Chama-se ponto cruz porque alinha o ponto que cruza. Existe uma primeira fase em que se trabalha da esquerda para a direita ficando o ponto inclinado. Ao voltar para trás passa-se a linha da direita para a esquerda por cima do que já está feito. E assim sucessivamente. “O truque é passar de linha em linha sem duplicar o ponto do lado do avesso”, conta a O MIRANTE.Segundo a bordadeira, poucas pessoas sabem que o ponto cruz entrou na Europa pelo Algarve através dos árabes que vieram à conquista do território europeu. Além disso, os portugueses são também os únicos que executam o ponto cruz na perfeição, ficando o avesso igual à parte da frente.Maria José Mancelos considera que bordar é única e simplesmente brincar com a agulha e soltar a imaginação. E é também, na sua opinião, uma óptima terapia para qualquer pessoa. “O facto de estarmos constantemente a trabalhar as mãos é óptimo e relaxa. Enquanto bordo não penso nos problemas e o facto de vermos o resultado do nosso trabalho ao fim de algum tempo é essencial para nos motivar e continuar a bordar”, garante.O sonho de Maria José e Célia é começar a realizar concursos entre as freguesias do concelho, com as suas alunas e expor os trabalhos a nível nacional. “Queremos que, não só as nossas alunas, como também toda a gente, conheçam o enorme mercado de bordados que existe fora de Portugal”, conclui.
Bordar é brincar com as agulhas e soltar a imaginação

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