“Aos fins-de-semana e feriados é o meu marido que faz a refeição. O meu filho não tinha qualquer tarefa em casa, mas casou-se e agora divide com a esposa”, conta Eugénia Camilo, 55 anos, residente em Alverca. Os restantes afazeres, da lida da casa, às compras, passando pelo tratamento da roupa, continuam a concentrar-se no elemento feminino, como verificou O MIRANTE no concelho de Vila Franca de Xira. As mulheres estão normalmente mais ocupadas em casa. Ana Corvo, casada há 31 anos, faz o balanço, no dia dedicado ao seu género. “Em minha casa, tudo vem para cima das minhas costas. Ao tirar um copo para beber água, o esposo chegou a pedir-lhe que abrisse a torneira”. Nos casais mais jovens, refere Ana, a situação tende a mudar. “Sou ama de um miúdo de quatro anos que já levanta a mesa sozinho. O pai dele, lá em casa, até lava a roupa. E tenho um sobrinho que sabe fazer tudo em casa, mas já fazia tal como o pai”, nota. Longe de querer deixar as responsabilidades nas tarefas domésticas as mulheres da região procuram uma maior divisão de direitos e responsabilidades. “Uma mulher é capaz de fazer tudo o que um homem faz e o contrário também”, nora Rosa Bela, e aponta as mulheres que pilotam aviões ou que trabalham na canalização como exemplo. Desportista nos tempos livres, Patrícia Delgado faz parte na nova geração de mulheres pouco disposta a encarar imposições a apenas um dos membros do casal. A jovem, na casa dos vinte anos, vive com três amigas e considera que, no lar, “tudo passa por estar disposto a fazer. O que importa é uma divisão de tarefas. Sei pregar quadros e tudo o que os homens fazem. Espero que, quando viver com um homem ele também saiba cozinhar”. A culinária parece ser, segundo o sexo masculino, a tarefa doméstica mais popular. Vítor Mesquita, treinador de futebol e empresário, admite ter uma participação reduzida na gestão do lar, mas afirma que gosta de cozinhar no tempo disponível. A companheira, com quem vive há seis anos, “até agradece”. Segundo o empresário, “as rotinas dos casais devem ser negociadas e muitas vezes não resultam de comum acordo, mas de imposições da vida”.O mundo trabalho é outra das áreas e que o papel dos homens e mulheres tem vindo a mudar. Na área gráfica da empresa que dirige uma das três colaboradoras é mulher e tem a função dedicada ao trabalho mais minucioso. A igualdade no trabalho, nota, “tem vindo a tornar-se realidade, e só se mantinha pelo facto de as chefias serem masculinas e cheias de um certo machismo”.