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Fonseca e Costa critica em Constância política para o cinema português

Fonseca e Costa critica em Constância política para o cinema português

Cineasta foi o terceiro convidado do “Fatias de Cá Bar É”
Constância pela sua história cultural, por ter sido a terra que acolheu Camões e onde o poeta Alexandre O'Neill teve casa, dava um filme. Tal como a região pelas suas paisagens. Quem o diz é o cineasta José Fonseca e Costa que participou na terceira edição do “Fatias de Cá Bar É” na quinta-feira, dia 12, naquela vila. Mas para isso era preciso haver outra política do cinema em Portugal. Porque a actual obriga os profissionais não a fazerem o que querem, o que gostam, mas o que lhes é imposto pelo escrutínio de um júri que decide quais são os filmes apoiados. Fonseca e Costa, 75 anos e 13 filmes no currículo, diz que não foram criadas condições para levar o cinema português aos portugueses. “Os filmes não vão para as salas, ficam guardados nas latas, e quando são exibidos são em circuitos em que concorrem com os filmes americanos que são dominantes no mercado”, realça, acrescentando que já teve filmes seus com lotações esgotadas que são retirados de cartaz ao fim de pouco tempo para darem lugar aos dos Estados Unidos da América. O cinema português está a definhar porque cada vez mais são feitos filmes, curtas-metragens, para apresentar em festivais e nem chegam a entrar nas salas nem a passar na televisão. E quando passam é em horários impróprios, condena o cineasta conhecido por assinar filmes como “Kilas, o mau da fita” (1980), “Balada da praia dos cães” (1986) e “Cinco dias, cinco noites” (1996). “Não há qualquer espécie de protecção para os filmes portugueses e europeus para que possam ser exibidos em circunstâncias de igualdade com os americanos”. Fonseca e Costa criticou o facto das salas de cinema serem detidas por distribuidoras, lembrando que nos Estados Unidos há uma lei desde 1948 a proibir os distribuidores de terem salas, como forma de haver alguma independência. O cineasta diz que fica chocado de ver gente nova que quer fazer cinema e não consegue protestar contra a política existente para este sector. Tal como não concorda com o facto de haver uma licenciatura em cinema, que classifica como um “perfeito disparate”. Em seu entender devia haver escolas técnicas que formassem assistentes de fotografia, maquilhadores e realçando que por exemplo no país não existem argumentistas de filmes. “Não é por alguém tirar uma licenciatura em Letras que fica escritor”, exemplifica. Confessando que são mais os projectos que tem para fazer do que aqueles que concretizou, o cineasta diz que a melhor coisa que lhe aconteceu na profissão foi quando viu as pessoas a aplaudir os seus filmes. Fonseca e Costa nasceu em Angola em 1933. Foi preso político antes do 25 de Abril. Foi assistente estagiário do realizador italiano Antonioni em “O eclipse” (1962). Iniciou a sua actividade como assistente de realização de Manuel Faria de Almeida. Fez filmes publicitários. Esta terceira edição do “Fatias de Cá Bar É”, promovido pelo grupo de teatro Fatias de Cá, incluiu excertos da peça “Hamlet”, que vai começar a ser representada a partir de 21 de Março no Convento de Cristo, em Tomar, às 18h18.Mário Zambujal é o convidado desta quinta-feira à noite do “Fatias de Cá Bar É”. Na próxima quinta-feira o Cartonista Augusto Cid conversará com a professora Paula Junqueira após a apresentação de um excerto da peça “Corto Maltese”. O “Fatias de Cá Bar É” decorre todas as quintas-feiras até 9 de Abril no cine-teatro de Constância. Os serões começam às 19H19. O conceito é simples. Jantar, momento de teatro em ambiente café-tertúlia, conversa com um convidado especial e um final ligeiro e divertido para a despedida. Quem não aparecer para o jantar pode chegar mais tarde. O início do espectáculo é às 21h21. Resta acrescentar que o preço com jantar é de 25 euros e sem jantar 12,50.
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