Trabalhadores da “João Salvador” regressam ao trabalho após paralisação por salários em atraso
Administração atribui culpas a autarquias devedoras que asfixiam a tesouraria da empresa
Funcionários receberam na segunda-feira, 30 de Março, o ordenado do mês de Janeiro.
Os trabalhadores da empresa João Salvador, Lda., sedeada na localidade de Guerreira, Santa Cita, em Tomar, voltaram na sexta-feira, 27 de Março, aos seus postos de trabalho, depois de terem a promessa de que recebiam o ordenado do mês de Janeiro na segunda-feira, 30, o que se confirmou. A maioria dos 350 trabalhadores estiveram concentrados no estaleiro da empresa na última quinta-feira, determinados a paralisar até verem regularizados os pagamentos dos últimos três salários e subsídio de Natal, a que acresceu o salário de Março. “Não temos dinheiro sequer para comprar os bens essenciais e há pessoas em risco de ficar sem a casa”, desabafavam em uníssono. Não é a primeira vez que tomam uma decisão do género. Alguns trabalhadores estiveram em greve antes do Natal e já decorreu uma outra paralisação em Janeiro. Dizem não compreender a falta de pagamento dos salários, uma vez que a empresa continua com muito trabalho. Determinado a resolver o problema que afecta a empresa de construção, o empresário João Salvador esteve reunido com o presidente da Câmara de Tomar, uma das muitas autarquias devedoras. Segundo diz, são mais de duas dezenas, entre elas algumas juntas de freguesia. “As câmaras não me pagam praticamente nada. Se me derem dinheiro, pago imediatamente aos trabalhadores”, afiança explicando que para ajudar os funcionários em maiores dificuldades “tem vindo a passar vales”. Alguns trabalhadores também se dirigiram à Câmara de Tomar, acompanhados por representantes do sindicato, para pedir esclarecimentos. O presidente da Câmara de Tomar, Corvêlo de Sousa (PSD), esclareceu que a autarquia apenas deve os juros do valor do montante em dívida e que serão liquidados logo que esteja aprovado o empréstimo de quase 5 milhões a que recorreu para pagar dívidas a fornecedores.”Lamento profundamente que a crise tenha atingido a João Salvador, Lda. mas não me parece que a situação seja culpa da Câmara de Tomar como muitos fizeram crer”, disse o autarca na última reunião de câmara. Outras autarquias, como é o caso do Entroncamento recusa, por seu lado, pagar à empresa antes de ficarem concluídas as obras de requalificação do Largo José Duarte Coelho e Praça da República, que deviam ter ficado prontas nos últimos dois meses. “Tem havido algum atraso na compra de materiais o que dificulta a conclusão dessas obras e agrava a nossa situação”, reconhece o construtor. “Já atravessei três grandes crises na minha vida empresarial mas esta é, sem dúvida, a pior de todas”, desabou João Salvador afiançando que ninguém mais do que ele está preocupado com esta situação. O empresário pede compreensão aos seus trabalhadores uma vez que a tomada de posição em abandonar os seus postos de trabalho agrava, ainda mais, a situação da empresa.Aquilino Coelho, do Sindicato da Construção Civil, afirma que a postura do sindicato é a de "lutar pela manutenção dos postos de trabalho para que a empresa continue", lamentando que o sector das obras públicas esteja "em grande parte paralisado".
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