Casamento de uma ucraniana filha de pai russo e de um português filho de pais caboverdianos
Na história do amor há uma linha comum. É algo que não tem barreiras e tudo vence.
Nasceram em pontos diferentes do planeta mas conheceram-se numa discoteca em Torres Novas. Foi amor à primeira vista. Há seis meses trocaram votos eternos em Tomar.
Filha de pai russo e mãe ucraniana, Olesya Nezhdanova nasceu na Alemanha há 23 anos e tem nacionalidade ucraniana. Descendente de pais cabo-verdianos, Carlos Dias nasceu em Lisboa há 28 anos. Ela tem tez clara e olhos verdes. Ele tem pele escura e olhos castanhos. No dia 13 de Setembro de 2008 trocaram juras de amor eterno na igreja de São João Baptista, na Praça da República, em Tomar, cidade onde vivem há quatro anos, devido à jovem se encontrar ali a estudar. Olesya veio de Itália, onde vivia com familiares, para Portugal, para junto da mãe que vivia em Torres Novas e que para aqui emigrou há sete anos à procura de novas oportunidades. O casamento demorou um ano a preparar e seguiu-se após um romântico pedido de joelhos feito em pleno restaurante na noite em que comemoravam três anos de namoro. O casal já vivia debaixo do mesmo tecto há dois anos. Mas o amor surgiu mais cedo, à primeira vista, numa discoteca em Torres Novas, onde Carlos estava a trabalhar ocasionalmente para conseguir juntar algum dinheiro. Já tinham sido apresentados por amigos há algum tempo mas o contacto perdeu-se. Nessa noite deu-se um clique. “Todos perceberam logo que estávamos apaixonados”, recorda Olesya. As famílias de ambos aceitaram bem a relação. “A minha mãe não adora… ama o Carlos”, aponta radiante.O casamento de Olesya e Carlos teve direito a cerimónia religiosa (sem missa) e na boda deu-se uma junção entre as culturas ucraniana, portuguesa e cabo-verdiana. “ A minha religião é ortodoxa, ele é católico mas a igreja não viu problemas em casar-nos. Apenas tive que confirmar que era baptizada”, explica a jovem. A cerimónia pautou-se pela simplicidade. Seguiu-se a boda numa unidade hoteleira junto ao rio Nabão. Ela teve duas madrinhas, ele teve um casal de padrinhos. Ao todo eram 70 convidados. Olesya teve pena que algumas das suas amigas da Ucrânia não pudessem vir, tanta foi a burocracia exigida para conseguir obter o visto. “Até fotografias nossas tive que enviar para comprovar que nos íamos casar mas mesmo assim não consegui que viessem”, refere.O vestido era simples, constituido por corpete e saia. As alianças escolhidas foram as mais tradicionais. Olesya conta algumas tradições de casamentos no seus país mas que, com muita pena sua, não tiveram lugar na sua boda, também porque não teve muitos convidados e os que se encontravam podiam não compreender. “Na Ucrânia raptam a noiva durante a festa e o noivo tem depois que a encontrar e bebem champagne do sapato ou da bota da noiva”, exemplifica. A Lua-de-Mel foi na Tunísia. A história de amor deste casal é vivida sem preconceitos ou pertubações, mesmo quando estranhos constatam, surpreendidos, as diferenças físicas entre o casal. “Dizem-nos que somos muito diferentes mas muito parecidos ao mesmo tempo. Damo-nos muito, muito bem!”, aponta. Mais do que a cor da pele, Olesya e Carlos tiveram que aprender um pouco da cultura de cada um. Lá em casa é ela que cozinha, confeccionando muitos pratos típicos da gastronomia russa. Ele adora. Ela teve que se adaptar ao Natal da cultura portuguesa, uma vez que o seu é comemorado a 7 de Janeiro. No último, quando visitou a família de Carlos, em Lisboa, estranhou a comida africana condimentada mas confessa que cada vez gosta mais desta data. Carlos Dias é militar em Tancos e Olesya finalista do curso de Gestão Turística e Cultural. Nos últimos sete anos estudou, trabalhou e tornou-se numa das melhores alunas da sua escola. A média de 17 valores torna-a na melhor aluna do Instituto Politécnico de Tomar, tendo sido distinguida recentemente pelo Rotary Club de Tomar pelo mérito alcançado.A jovem ucraniana encontra-se a concluir a licenciatura do seu curso. Carlos vai deixar a tropa no próximo ano. Os filhos só selarão o amor deste casal multiracial quando encontrarem a estabilidade profissional e económica. Seja em qualquer parte do mundo.
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