Crónica de um casamento amador
Não entregue tarefas relacionadas com o seu casamento aos amigos. Fale com profissionais. Se não seguir este conselho pode arrepender-se e depois só há uma solução, casar outra vez…nem que seja com a mesma mulher. Eu sei do que falo. Tinha tudo programado e tudo correu mal. O João fazia o vídeo. O Verdelhas as fotografias. O motorista do carro em que iríamos para o restaurante era o Tó Manel. Fartei-me de falar com eles. De lhes lembrar a importância do momento. Falharam miseravelmente. Foi um descalabro.Estava eu na igreja frente ao padre, no momento da verdade e eles a jogar matraquilhos num café próximo. Eu transpirava dentro do fatinho Hugo Boss. A Joana, minha adorada esposa olhava em volta à procura dos três camelos, como passaram a ser conhecidos e havia electricidade no ar. As criancinhas corriam pela igreja e berravam indiferentes aos ralhos das mães. O meu irmão mais novo só percebeu o que se passava já estávamos na parte da troca de alianças. Por falar nisso a mãe das meninas das alianças, a Clara, também se esqueceu das alianças em casa. Não houve troca de alianças. Levei um valente choque quando peguei na mão da Joana na tentativa de a acalmar. Juro que levei um choque e que a intensidade foi superior a 220 volts.Não se perdeu tudo. Tenho algumas imagens da saída da igreja. E duas fotos desfocadas. O resto do vídeo e do álbum não podem ser mostrados a ninguém. Aparecem todos menos os noivos, os pais dos noivos e os padrinhos. São imagens de pessoal a vomitar, de pessoal a encher o carro de chantily, dos músicos a fumar charros, do pessoal que serviu às mesas a entornar travessas de bifinhos com champinhons para cima dos convidados. Repito o que já disse. Não entreguem assuntos de responsabilidade a anormais. Falem com profissionais. O dia do casamento é um dia especial. Um profissional está a fazer o seu trabalho. Não está entretido a tentar engatar ninguém. Não está empenhado em beber todo o vinho do almoço sozinho ou ao desafio. Demoramos uma hora a chegar ao restaurante que fica a quinze minutos da Igreja. A besta esqueceu-se de meter gasolina e ficámos parados. Os carros da comitiva passaram a apitar mas nenhum percebeu que estávamos em apuros. Eu bem acenei mas o pessoal limitou-se a buzinar ainda mais e a dizer-me adeus. Não falo do copo-de-água, recuso-me a falar de mais coisas tristes. Nem da música do Oliveiras’s trio. Quem pode dançar ao som de músicas dos AC/DC? E meter preservativos usados nos envelopes em vez de cheques foi do mais reles que já vi. Os meus pais deixaram de me chamar filho. Os meus sogros foram-se embora a meio e queriam levar a filha. É por isso que eu digo e redigo. Não deixem a organização do casamento ao acaso. Contratem profissionais!!!
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