Preparativos de um casamento nos anos 40 numa aldeia de Tomar
No livro “Vila Nova, sua história, a nossa gente”, publicado em Janeiro de 2008 pela Sociedade Instrutiva, Recreativa e Desportiva Vilanovense, encontramos o relato dos preparativos de um casamento na aldeia de Vila Nova, freguesia de Paialvo, nos anos 40. Após os namorados acordarem entre si que queriam casar transmitiam a novidade aos pais. Em seguida acertavam a data e os pais dos noivos ajustavam entre si como seria feita a boda. Neste caso, se a despesa era em conjunto ou se cada um organizava uma refeição. Optava-se quase sempre pela primeira opção. O vestido da noiva era comprado a metro e costurado pela própria ou pela costureira mais prendada da terra. As jóias utilizadas eram as de família. O noivo vestia um fato simples e gravata. “Falava-se” a uma cozinheira e escolhia-se o que entrava na confecção das refeições. Canja de galinha, borrego com batatas e alguns coelhos, vinho, licor, queijo de ovelha ou cabra, arroz doce e bolos de massa eram as iguarias que, normalmente, faziam parte da lista da boda. Tudo com a prata da casa.Nos dias que antecediam ao casamento, os rapazes e raparigas, amigos dos noivos, eram “convocados” para ajudarem a montar o local da boda. Eles iam buscar bancos, cadeiras e mesas, na maioria das vezes emprestados pelos vizinhos. Elas iam buscar loiça e talheres emprestados, ajudavam na cozinha.Na véspera do casamento, era feita a “visita” aos convidados e padrinhos. A tradição, que se perdeu ao longo dos anos, consistia em oferecer aos convidados um prato de arroz doce e um bolo. Aos padrinhos era levada uma travessa de arroz doce, dois bolos de massa e uma garrafa de licor, a aguardente da melhor qualidade dos alambiques da terra, aroma de anis comprado na farmácia ou então cascas de tangerina colocadas semanas antes na aguardente.No dia do casamento, os convidados e padrinhos apresentavam-se bem cedo em casa de quem os convidou. Ali era servido um licor, pires de arroz doce e uma fatia de bolo. Seguidamente, os noivos seguiam de charret ou de carroça, até Carrazede, onde se localizava a igreja. Os convidados seguiam a pé.Após a cerimónia do matrimónio regressava-se ao local da boda, onde se comia e bebia. A festa terminava à noite com um baile. No outro dia a vida voltava ao normal, ou seja, ao que era trabalhar de sol a sol.
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