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Uma vida a vender no mercado

Uma vida a vender no mercado

“Olá menina, tenho aqui belo carapau, perca, dourada…”. É desta forma que Maria Antónia Rodrigues recebe as freguesas na sua banca do peixe no mercado municipal de Santarém. Vendedora de peixe há 30 anos, depois de regressar de Angola com o marido que era polícia na ex-colónia portuguesa, conhece o mercado como as palmas das mãos. Mas já antes tinha sido vendedora por conta de outrem. Já teve muitas alegrias, muitos dias atarefados. Agora com menos clientes, roubados pelos hipermercados, mantém a boa disposição. Entrou no mercado de Santarém com 12 anos quando um vendedor de fruta a resgatou aos pais na sua terra natal, o Bombarral, para vir trabalhar como vendedora de fruta. Foi no mercado que conheceu o marido, que na altura fazia serviço como polícia nas instalações. Juntaram os trapinhos e algum tempo depois foi com ele para Angola onde viveu momentos de felicidade até à revolução do 25 de Abril que a trouxe de novo a Portugal sem um tostão no bolso. Ficou durante algum tempo num quarto que a madrinha lhe emprestou e voltou ao mercado para montar o negócio do peixe.Maria Antónia Rodrigues, 64 anos, mantém a rotina de muitos anos. Às seis da manhã está no mercado para receber o peixe dos fornecedores e colocá-lo na banca de pedra. Noutros tempos a essa hora já havia clientes à espera. Agora aparecem por volta do meio-dia e são poucos. O dinheiro que ganha vai dando para pagar as despesas. Por volta das 13h30 volta para casa para fazer o almoço e depois a “lida da casa”. Não só vende como adora comer peixe e tem a sorte do marido também gostar. “Como não hei-de gostar de peixe… Sou do tempo em que uma sardinha dava para quatro”, remata com uma gargalhada. António Palmeiro
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