Carlos Veríssimo
51 anos, empregado de balcão, Alcoentre (Azambuja)
“Nunca tivemos motivo de queixa dos clientes. Nem sabemos se são presos ou não. Só tenho a dizer bem. Ninguém está livre de lá ir parar amanhã. Nós não sabemos como será o dia de hoje quanto mais o de amanhã. [A prisão de Alcoentre] foi feita para os homens, não foi para os bichos. Costuma-se dizer que na cadeia e no hospital todos temos lugar. E no cemitério também”.
Já pensou em montar um negócio próprio?Não, nem por isso. Estou bem assim como estou, não tenho razão de queixa da casa, pelo contrário, só tenho a dizer bem. Tenho a sorte de ter bons patrões. A crise complica-nos a vida, mas é assim por todo o lado.Que opinião tem sobre os jornalistas?Acho que têm um papel importante por informarem as pessoas do que se passa no país e no mundo. Eu gosto de ler um pouco de tudo, mas prefiro sempre a parte da bola. Sou benfiquista (risos). Tem medo de trabalhar ao lado da prisão?Nunca tivemos motivo de queixa dos clientes. Nem sabemos se são presos ou não. Só tenho a dizer bem. Ninguém está livre de lá ir parar amanhã. Nós não sabemos como será o dia de hoje quanto mais o de amanhã. [A prisão de Alcoentre] foi feita para os homens, não foi para os bichos. Costuma-se dizer que na cadeia e no hospital todos temos lugar. E no cemitério também. O que pensa do lar fechado em Alcoentre porque a segurança social não o considera prioritário?É mau. Reconheço que o dinheiro é pouco e a câmara municipal faz o que pode. Temos de esperar que tudo se resolva a bem. Acho que o lar é uma obra boa, a melhor obra que fizeram aqui em Alcoentre, e um equipamento que faz muita falta. Costuma provar o produto das colheitas durante a Ávinho – festa das adegas?Sim. Tenho lá muitos amigos e acho que é um evento muito importante e bem feito. Esta região sempre foi muito ligada ao vinho e à agricultura. O vinho é que se devia promover e vender para arranjar postos de trabalho. Antigamente empregava-se mais gente no negócio do vinho do que actualmente na produção de cervejas. As quintas aqui da zona estão todas ao abandono porque as pessoas a vender vinho não ganham dinheiro suficiente para viver.Vai votar nas próximas eleições?Vou e voto sempre. E não acredito nas histórias que se dizem sobre os tempos de ditadura. Ela só tinha uma coisa má: não se podia falar à vontade. Mas também hoje podemos falar à vontade, mas temos medo de andar na rua, só se houve falar de assaltos. E não é mentira. Portanto nesse aspecto estávamos melhores antigamente. Você ia a Lisboa e não havia problema nenhum. Agora a partir das 20h00 não se pode ir para a zona da baixa, por exemplo. Eu tenho medo de lá ir.
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