Num blogue que recorda artistas das décadas de 80 e 90 chamam-lhe a “maravilha de Tavira” por causa da ousadia de se ter despido de preconceitos e mostrar os seios publicamente num jornal de expansão nacional. As fotos já têm 22 anos. Durante esse período Lilia Kramer, uma algarvia de gema, viveu na Alemanha e percorreu o mundo. Nos últimos tempos faz trabalhos em pedra, sobretudo jazigos. Também é pintora. Há meses regressou a Portugal e veio morar para junto da irmã em Santarém. Há três semanas abriu um bar no centro histórico da cidade, concretizando um sonho antigo.O nome desta portuguesa que casou com pouco mais de vinte anos com um engenheiro de máquinas alemão que estava de férias em Portugal, de apelido Kramer, foi bastante badalado. O site Observatório do Algarve recorda que Lilia Kramer teve sucesso como cantora nos anos 80 e 90, graças a temas como “Vamos Brindar”, “Só ao Domingo somos uma Família “, “Eu Sei Lá” e “Dar Vida à Vida”. Mas muitos devem ainda hoje recordá-la sobretudo pela ousadia de deixar-se fotografar nua num jardim de um amigo.Não o fez por dinheiro nem para ser mais conhecida. O arrojo surgiu tão rápido quando o disparo da máquina fotográfica. “Não recebi dinheiro apesar de algumas pessoas ainda hoje pensarem que devo ter ganho muito para fazer o que fiz. Tudo surgiu numa conversa entre amigos no qual estava um fotógrafo que me disse que tinha um corpo bonito e que era uma pena não o mostrar. Foi uma espécie de desafio. E apeteceu-me aceitá-lo de imediato”, recorda Lilia, que também é pintora, e que continua a usar artisticamente o apelido do primeiro marido. “Lilia Kramer ao natural” rezava então o título das fotos. “Se temos um corpo e gostamos dele porque não havemos de o mostrar”, questiona lembrando que na altura muita gente ficou contente com a ousadia, mas também recebeu muitas críticas e a reprovação da família. Os pais, católicos, coraram de vergonha pelo que consideram ser o grande pecado da filha. O pai andou em Tavira, terra natal da família, a comprar todos os exemplares do Correio da Manhã que encontrou nos quiosques, para que os vizinhos e amigos não vissem a filha de peito ao léu e com uma reduzida tanga.A artista que faz os seus quadros a óleo usando apenas tintas e os dedos da mão direita, sem recorrer a pincéis, não tem pudor em dizer que hoje voltava a despir-se. Não por uma causa, não por dinheiro, apenas porque é uma coisa que lhe apetece. Porque gosta do seu corpo e porque segue a máxima: “nós somos o nosso pensamento”. Lilia não sabe como é que as suas fotos foram parar à Internet, mas também não está muito preocupada com isso. Curiosamente, apesar de não ter pudor em desnudar-se tem pudor em revelar a idade. Recorda que quando chegou a Santarém teve a sensação de estar a viver um conto de fadas. De ter regressado ao passado. “Quem esteve a viver anos a fio em cidades de grandes arranha-céus tem que se encantar com um centro histórico como este” afirma. Nesta altura, o que lhe preenche o pensamento é a ideia de dar vida a esse centro histórico organizando espectáculos musicais no seu bar – “O Canto da Lilia”.