uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O polícia que também já fez carreira como cantor

Vítor Covão é polícia há 24 anos e está na divisão de trânsito de Santarém desde 2000

Apesar de nem sempre cumprirem com as regras de trânsito, o agente garante que os condutores, geralmente, acatam com serenidade as ordens das autoridades.

Na Polícia de Segurança Pública (PSP) um dia nunca é igual ao outro e essa é a parte mais interessante da profissão. Quem o diz é Vítor Covão, 47 anos, agente principal da Esquadra da PSP de Santarém, que acaba de chegar de mais uma ronda diária de carro pela cidade. Vítor Covão está na divisão de trânsito desde 2000. A sua função é zelar pelo bom funcionamento do trânsito em Santarém. Mesmo que isso signifique multas ou carros rebocados. O agente costuma conduzir o reboque da PSP e retirar dos passeios ou de locais impróprios viaturas mal estacionadas. Mas Vítor Covão faz questão de salientar que os agentes de autoridade não andam pelas ruas à caça de multas. Até porque Santarém não é, neste momento, a melhor cidade para se estacionar automóveis.“Além de utilizar a pedagogia com os condutores, os polícias têm que ter, acima de tudo, bom senso. Nós também somos condutores e sabemos que nem sempre é fácil conduzir nos centros das cidades. Se virmos um carro mal estacionado tentamos perceber qual a situação. Se percebermos que a pessoa só se demora um minuto, toleramos. Agora, se passamos várias vezes no mesmo local e as viaturas continuam mal estacionadas temos que multar”, explica, acrescentando que nem sempre é possível rebocar as viaturas, sobretudo no centro da cidade, devido às ruas estreitas onde é difícil circular com o reboque. “Ainda utilizamos os bloqueadores”.Apesar de nem sempre cumprirem com as regras de trânsito, o agente garante que os condutores, geralmente, acatam com serenidade as ordens das autoridades. Em termos de segurança, o polícia afirma que Santarém é uma cidade relativamente tranquila. “Os índices de segurança têm baixado, assim como em todo o país mas mesmo assim não nos podemos queixar. Ainda é tranquilo passear pela cidade”, diz.Vítor Covão assume-se, acima de tudo, como um profissional. E confessa que se for necessário também multa os seus amigos. “Se estão a infringir a lei eu tenho que cumprir o que esta manda. E não estaria a ser profissional se perdoasse multas só por serem meus amigos. Até porque não é possível retirar as autuações”, afirma.Quando era criança Vítor Covão não sonhava ser polícia. Começou a trabalhar como electricista auto no Cartaxo. Mudou de profissão e foi quando trabalhava nos correios que os amigos lhe falaram na possibilidade de ingressar na polícia. Era mais estável financeiramente. Decidiu arriscar e não se arrepende da decisão que tomou.O agente principal da esquadra da PSP de Santarém concorreu, fez provas físicas e um curso de formação na escola de polícia em Torres Novas e foi admitido em 1985. Confessa que o mais difícil foi o primeiro ano em que, devido ao facto de estar a trabalhar em Lisboa, perdeu o contacto com os amigos durante esse tempo. “É uma profissão com muitas regras e temos de nos adaptar a elas. Na altura tinha 23 anos e não estava habituado a tanta rigidez. Mas ultrapassada a fase de adaptação tudo correu sobre rodas”, garante a O MIRANTE.Esteve em Lisboa até 1990, ano em que veio para a esquadra de Santarém. Trabalhou nas oficinas da PSP como electricista auto. Em 2000 passou para a divisão de trânsito. Vítor Covão é um homem de paixões. Além da paixão pelo trabalho, o agente conciliou até há bem pouco tempo a profissão de polícia com o amor pela música. Uma paixão que vem desde os tempos de criança. Sempre gostou de cantar e chegou a integrar, durante quase três décadas, um agrupamento musical. Canta de tudo um pouco, sobretudo música popular portuguesa, mas se lhe pedirem para escolher prefere cantar músicas mais calmas.Aos fins-de-semana e durante as folgas na polícia, cantava. Travou conhecimento com grandes nomes da música portuguesa como José Cid, Luís Represas e João Gil dos Trovante e chegou a cantar nos mesmos espectáculos que o malogrado artista António Variações. Vítor Covão trabalhava na música como profissional, o que lhe deixava muito pouco tempo para desfrutar da companhia da esposa.Talvez por isso tenha decidido colocar de lado a paixão pela música e optou por comprar um terreno na zona de Aviz, no Alentejo, para passear nos tempos livres. “Estou a recuperar o tempo perdido que a música não me permitiu usufruir. Gosto de andar de barco pelo rio e observar calmamente a natureza. Tenho que aproveitar e saborear a vida de uma forma que ainda não o tinha feito”, confessa.

Mais Notícias

    A carregar...