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Centena e meia de famílias de Azambuja pedem ajuda para melhorar habitação

Centena e meia de famílias de Azambuja pedem ajuda para melhorar habitação

Autarquia fornece materiais, mas são as famílias que têm que garantir mão de obra

A chuva deixou de entrar na casa de Joaquim Morgado graças ao apoio que a Câmara de Azambuja dá para melhorar as habitações de pessoas carenciadas. O município tem cerca de centena e meia de pedidos de ajuda. Cerca de setenta aguardam por uma casa de habitação social.

Dentro da casa de Joaquim Morgado chovia como na rua. Os invernos em Manique do Intendente, Azambuja, tendem a ser rigorosos, e no ano passado temeu-se que o telhado, com os Barrotes podres, pudesse vir abaixo. Foi Nélia Carvalho, sua prima, que meteu mãos à obra e procurou a assistente social da Câmara Municipal da Azambuja. O seu pedido de auxílio foi mais um a engrossar uma lista que já ronda as 150 famílias. Todos os pedidos estão relacionados com casas velhas, muitas sem condições mínimas de habitabilidade, onde todos os dias dezenas de famílias arriscam a sua vida e saúde. Para minimizar alguns destes casos, o município da Azambuja aprovou um pacote de medidas de apoio social mais vastas que poderão ser úteis à grande maioria destas famílias (ver caixa).Alheado de tais medidas está Joaquim. Sofreu uma meningite quando era criança e ficou sempre afectado por uma deficiência que ainda hoje o acompanha. A idade escapa-se-lhe. “Perto de 60 anos”, balbucia. Este homem vive sozinho numa casa em Manique desde que os pais faleceram. As suas únicas ajudas vêm da prima, Nélia, e do apoio domiciliário que recebe.“O telhado tinha os barrotes todos podres e chovia lá dentro como na rua. A câmara ajudou-nos com o telhado mas como não podia arranjar tudo. Reparámos apenas o essencial que são as divisões onde ele vive”, refere Nélia Carvalho. A reforma de Joaquim ronda os 150 euros. Depois de pagar o apoio domiciliário sobram-lhe três euros para o resto do mês. “É muito difícil e complicado, nós ajudamo-lo muito. É ao nosso lado que vai vivendo e das ajudas que às vezes as pessoas lhe dão”, refere Nélia. Este ano, graças à boa vontade da população, foi construída uma pequena casa de banho, num anexo. “A câmara apenas tem sinalizadas as famílias que têm problemas habitacionais, como sejam telhados a cair, dificuldades em pagar as contas da água, incapacidade de pagar a ligação a esgotos, entre outras situações. Existem casos muito complicados e temos cerca de 70 famílias em lista de espera para ocupar uma habitação social”, refere a O MIRANTE Cristina Maurício, assistente social do município. Nos Casais das Boiças, em Alcoentre, encontrámos Rosa Oliveira, 76 anos. “No inverno afastava a cama das paredes para a água não me cair em cima. Até cogumelos tinha nas paredes. Era uma miséria”, conta. A casa onde residia já havia sido herdada dos pais e estava num estado lastimoso. Sem meios que lhe permitissem arranjar a casa sozinha, Rosa voltou-se para a câmara municipal. Deram-lhe os materiais mas a mão-de-obra foi paga do seu bolso, com dificuldade. E dificuldades na vida são algo que a família Couceiro já conhece. Nos Casais do Vale do Brejo, em Aveiras de Cima, Fernando Couceiro, 58 anos, ex-empregado da Opel da Azambuja, é o rosto abatido de quem ficou sem casa em Novembro do ano passado devido a um fogo que consumiu a maioria das paredes onde vivia. “Ficámos sem nada, as chamas engoliram tudo: enxoval, frigorífico, foi um desastre. E por pouco a minha neta não morria lá dentro”, diz em lágrimas a esposa, Maria Fernanda. O único rendimento desta família de seis pessoas é o subsídio de desemprego de Fernando. A câmara deu uma ajuda com alguns materiais para recuperar a casa mas a mão-de-obra teve de ser toda de Fernando e de vizinhos que se disponibilizaram para ajudar.“Uma das condições para que ajudemos com os materiais é que as famílias suportem a mão-de-obra”, informa Cristina Maurício. “Ficámos sem o pouco que amealhámos numa vida inteira de trabalho. Não é justo”, diz o casal com tristeza. Olhando para o futuro, não têm vergonha de pedir ajuda. “Qualquer coisa serve e faz muita falta. A nossa situação é muito complicada”, desabafa Maria Fernanda.
Centena e meia de famílias de Azambuja pedem ajuda para melhorar habitação

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