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Campeão no Centro de Alto Rendimento a sonhar com os jogos olímpicos

Campeão no Centro de Alto Rendimento a sonhar com os jogos olímpicos

Há quatro anos João José Pereira praticamente não sabia nadar

João Pereira é um daqueles casos em que querer é poder. Com 21 anos, nunca imaginou chegar ao patamar que está agora. O actual campeão nacional de sub 23 é de Vila Franca de Xira, compete pelo Alhandra e quer ir aos jogos olímpicos.

Há quatro anos praticamente não sabia nadar e esteve para nem sequer entrar na modalidade. Hoje é bicampeão nacional de sub-23 de triatlo, campeão da Europa por equipas no mesmo escalão e alimenta o sonho de estar presente nos próximos jogos olímpicos, uma vez que faz parte do Projecto Olímpico Londres 2012 e frequenta o Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor. João José Sales Henriques de Carvalho Pereira, mais conhecido por João Pereira, nasceu a 28 de Dezembro de 1987 nas Caldas da Rainha mas está registado e mora em Vila Franca de Xira. O triatleta do Alhandra Sporting Club (ASC), de 21 anos, tem tido uma ascensão meteórica na modalidade, fruto do treino e da contínua evolução. Neste momento, já não restam muitas dúvidas e os resultados provam-no só por si, é um dos valores mais fortes e em afirmação do triatlo em Portugal e está entre os melhores a nível nacional. Mas o seu percurso e a sua vida poderiam ter sido bem diferentes. Um professor do secundário reparou nas suas potencialidades, já que ganhava sempre medalhas no corta-mato, nos campeonatos regionais e no desporto escolar. Depois de umas voltas ao campo de futebol, que serviu de último teste, o docente apresentou-o a Nelson Gomes, na altura, treinador da secção de triatlo do Alhandra, ficando no clube.“Praticamente não sabia nadar. Comecei na pista das raparigas, atrás e a descolar. Nadava 25 metros e tinha de descansar. Mais 25 metros e descansava. No início cheguei a fazer um teste. Tinha de baixar de 15 segundos aos 25 metros, para ver se ficava cá ou não, porque estavam com as pistas cheias. Estive quase a ir embora” conta João Pereira O triatleta lembra que precisava de uma vaga e também de orçamento, pois o clube não tinha dinheiro para investir em material. “Tive de comprar equipamento de três modalidades. Tinha umas coroas e lembro-me que comprei uma bicicleta em segunda mão, só para me divertir um bocado e estar com o grupo, pois éramos todos da mesma idade”, recorda o atleta com um sorriso.Entrou para o ASC em Outubro de 2005 e a 2 de Abril de 2006 participou na sua primeira prova. Foi no V Triatlo de Cidade de Quarteira. Terminou na 23ª posição da geral e em sexto lugar em júnior. A partir daí, os resultados foram sempre a melhorar. O resultado da sua evolução valeu-lhe o convite para ingressar no CAR do Jamor, onde só estão os melhores atletas de cada modalidade. Há dois anos pensou em desistir. “No primeiro ano estive para sair do CAR. Passava semanas sem ver a família e os amigos e ponderei em abandonar”, revela o actual campeão nacional de sub 23. A realidade de agora é bem diferente. João Pereira sente-se bem, empenhado e concentrado em conseguir bons resultados nas futuras provas e principalmente em garantir um passaporte para os Jogos Olímpicos de 2012 que se vão realizar em Londres. Considera haver seis ou sete candidatos às três vagas e por isso tem consciência do desafio que enfrenta. Apesar disso o sonho continua vivo. “Vai ser complicado porque só vão os três melhores rapazes e raparigas de cada país e também temos de estar entre os 80 melhores do mundo. Mas acredito que vou lá chegar”, afirma, convicto das suas capacidades.Ao mesmo tempo que sonha, João Pereira é muito realista e diz com frontalidade. “Se daqui a dois anos sentir que não estou a conseguir, saio. Não vou andar a arrastar-me. Sou crítico e se achar que não consigo sou o primeiro a dizê-lo”, garante o jovem.Quanto ao futuro gostava de ficar ligado ao desporto. Frequenta o primeiro ano do curso de Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa.O Triatlo surge em 1975, na Ilha de Fiesta Island perto de S. Diego (Califórnia, Estados Unidos), na sequência de uma conversa entre dois colegas de treino (Jack Johnstone e Don Shanahan), que faziam parte de um clube de atletismo local e que se propunham descobrir uma maneira de manter uma boa forma física. As distâncias olímpicas são 1,5 quilómetros de natação, 40 quilómetros de ciclismo e 10 quilómetros de corrida.Ouvir o Hino Nacional é de outro mundoJoão Pereira, João Silva e Miguel Arraiolos, sagraram-se campeões europeus de sub 23 por equipas no ano passado, numa prova realizada em Pulpi, Itália. Quando subiu ao pódio, aqueles breves segundos compensaram meses de sacrifício. “É uma sensação única. Subir ao pódio e ouvir o hino nacional é uma coisa de outro mundo. Pode estar tudo mal, mas naquele momento somos os maiores”, recorda com um brilho nos olhos.A realização do Campeonato da Europa no ano passado em Lisboa e o momento da entrada no Pavilhão Atlântico, cheio, foi também um dos momentos que mais marcou João Pereira. Mas o melhor, aconteceu em 2007, quando juntamente com Duarte Marques e Bruno Pais, arrecadaram o segundo lugar em elites, durante o Campeonato da Europa por equipas.“Mix” pronto a dar o salto para outro clubeJoão Pereira corre com as cores do Alhandra, mas diz estar pronto a dar o salto para outro clube. “Se surgir uma boa proposta e se vir que o Alhandra não consegue acompanhar minimamente, sim. Se me aparecesse o Sporting ou o Benfica a dar-me boas condições aceitava”, assegura o triatleta, lembrando que este ano surgiu uma proposta de um clube, mas que preferiu ficar.Lamenta, no entanto, que não haja mais apoios e patrocínios por parte do ASC e espera que algumas das promessas feitas pelos responsáveis sejam cumpridas. Aproveita para agradecer todo o apoio dado pelos adeptos. “Nas provas sinto a mancha do Alhandra que são os vermelhos e brancos e isso dá-me muita força e faz-me sentir bem”, conclui Mix. (alcunha dada a João Pereira pelo pessoal do ASC).O que é o Centro de Alto RendimentoFrequentam o Centro de Alto Rendimento do Jamor (CAR) os melhores atletas nacionais de várias modalidades. Os atletas dormem, comem, treinam e são acompanhados diariamente pelos seus treinadores. Na pré-época e na fase competitiva costumam ser semanas duras. “Acordamos às 06h00 da manhã, vamos nadar até às 08h00 e às 10h00 saímos para pedalar cerca de duas horas e meia. À tarde, ou pedalamos ou corremos e ao domingo costumamos ter treinos longos de ciclismo, de 120 a 150 quilómetros”, conta João Pereira. Em média, por semana, costuma nadar 45 quilómetros, correr 65 e pedalar cerca de 260.João Pereira, tem como colega de quarto no CAR o amigo Miguel Arraiolos e é treinado por Sérgio Santos. No centro estão também Bruno Pais, pentacampeão nacional da modalidade em elites e Vanessa Fernandes. “Ela é uma companheira de treinos excelente. Quando está bem não descola. É a melhor do mundo e é super modesta” confessa. Quanto a Bruno Pais considera-o o seu ídolo e um exemplo a seguir já que “está sempre a lutar e é super correcto”, salienta, “Puras”. (alcunha como é conhecido no CAR).
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