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Futuro da Platex de Tomar dependente de apoios do Estado

Futuro da Platex de Tomar dependente de apoios do Estado

Empresa com laboração suspensa por “incapacidade financeira” até domingo, 26 de Abril

Trabalhadores estão desconfiados e desanimados com a situação da empresa que, dizem, atravessar a pior crise de sempre.

A viabilidade da IFM – Indústria de Fibras de Madeira, vulgarmente conhecida como fábrica de Platex, localizada em Valbom, no concelho de Tomar, pode vir a depender da reunião que a administração teve com o secretário de Estado da Indústria na terça-feira, 21 de Abril, disse a O MIRANTE Aquilino Coelho do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil. “Pode haver uma negociação no sentido de se dar uma injecção de capital de modo a que a empresa continue a laborar normalmente”, acrescentou o sindicalista no final de um plenário de trabalhadores na manhã da última segunda-feira, 20.A crise que a empresa de Tomar atravessa levou mesmo os deputados do PSD eleitos por Santarém a questionar o Governo sobre a situação. Num requerimento entregue no Parlamento, e dirigido ao ministro da Economia, os deputados Vasco Cunha, Miguel Relvas e Mário Albuquerque frisam que a Platex é uma das maiores empregadoras do concelho de Tomar e que necessita de "apoio para ultrapassar a conjuntura mantendo o emprego, nomeadamente pela possibilidade, já existente noutros sectores, de requalificar os seus trabalhadores".A empresa suspendeu uma linha de laboração no início do mês e as restantes duas desde 11 de Abril, situação que se mantém, pelo menos, até domingo dia 26. Até lá os cerca de 240 trabalhadores ficam em casa sem serem penalizados por tal, ou seja, não prejudicando os dias de férias que têm por tirar ou sofrendo quaisquer penalizações salariais. “Para esclarecermos melhor esta situação temos uma reunião marcada esta quarta-feira (22) na Direcção Geral das Relações Colectivas de Trabalho onde daremos conta das preocupações face à situação da empresa”, explicou Aquilino Coelho. O MIRANTE apurou junto dos trabalhadores que a empresa não tem falta de encomendas mas sim de matérias-primas. Segundo Aquilino Coelho, “o governo que anunciou milhões para apoiar, por exemplo, o sector da cortiça e têxteis está também a preparar apoios para o sector das madeiras”. O dirigente diz desconhecer o valor que seria necessário injectar na IFM para assegurar a viabilidade da empresa. “Andamos em cima de um barril de pólvora. Trabalho aqui há 22 anos e nunca vi uma situação parecida”, disse desanimado a O MIRANTE um dos trabalhadores que revelou que começou a sentir alguma dificuldade em receber o salário a tempo e horas a partir do último Natal. Na sexta-feira, 17, os trabalhadores receberam uma segunda tranche de 250 euros do salário de Março, ficando a empresa de liquidar o valor em dívida até ao final desta semana. O estado de espírito dos trabalhadores, a maioria homens, é de apreensão. “Estão desconfiados porque é uma empresa que já passou por muitas fases mas esta é uma das mais complicadas. Na década de 90 passou por uma situação de insolvência e teve gestão controlada durante dois anos mas mesmo assim os salários foram pagos a tempos e horas. Esta situação é mais complicada por causa da crise” explicou Aquilino Coelho. Administração descarta despedimentosO MIRANTE enviou um pedido de esclarecimentos à administração mas não obteve resposta. O presidente do conselho de administração da empresa, Jorge Themudo Barata, disse à Agência Lusa que a empresa está a procurar financiamentos junto de uma instituição financeira para suportar os prejuízos que está a sofrer, estimados em 3,3 milhões de euros este ano devido à forte quebra de encomendas e dos preços no mercado, que se começaram a sentir a partir de Outubro de 2008.Jorge Themudo Barata descarta qualquer intenção de reduzir o efectivo de 240 trabalhadores, considerado essencial para assegurar a competitividade que acredita que a IFM voltará a ter, ultrapassada a fase difícil que atravessa actualmente. Para isso, a empresa espera que o Estado ajude a manter os postos de trabalho, estando a envidar esforços para que metade dos trabalhadores seja inserido nos programas de formação anunciados pelo Governo.Volume de negócios de 26 milhões em 2008A Platex faz parte do grupo Investwood que engloba duas unidades fabris: a IFM – Indústria de Fibras de Madeira SA, sedeada em Tomar e especializada na produção de placas de fibra de madeira de alta densidade e a VALBOPAN – Fibras de Madeira SA, localizada em  Famalicão da Nazaré, dedicada à produção de placas de fibra de madeira MDF. As duas unidades empregam, actualmente, mais de 300 trabalhadores, sendo que 60% da sua produção tem como destino a exportação. As duas empresas tiveram em 2008 um volume de negócios de 38 milhões de euros (26 milhões no caso da IFM), exportando cerca de 60 por cento da sua produção, essencialmente para mercados da Europa Central, mas também para a América Latina e o Médio Oriente.
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