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Carne de toiro bravo é mais rija, escura e de sabor intenso

Carne de toiro bravo é mais rija, escura e de sabor intenso

No “Talho do Manel”, em Coruche, vende-se carne brava todo o ano

Membro da Confraria do Toiro Bravo, Alfredo Tomaz defende que a carne de toiro bravo deve ser certificada.

No “Talho do Manel”, situado no mercado municipal de Coruche, vende-se carne de toiro bravo há mais de 30 anos. O estabelecimento, aliás, tem tradição na vila. Pertenceu a Manuel Coelho, que dá nome à loja, e há pelo menos 80 anos que ali se negoceia carne desde os tempos do bisavô de Alfredo Tomaz, o actual proprietário.Após serem lidados nas corridas na praça de Coruche, os toiros eram abatidos e desmanchados no antigo matadouro da vila e a carne era vendida nos talhos. “Actualmente os animais passam por outros processos e quando chegam aos 24/30 meses são sujeitos a inspecções especiais. Depois de mortos é-lhes removida a coluna e feita a inspecção para despiste da BSE, no matadouro de Santarém ou de Setúbal”, exemplifica Alfredo Tomaz, acrescentando que muito dificilmente a carne de um toiro lidado em Coruche acabará nos restaurantes da vila.Quem conhece as características da carne de toiro bravo não estranha as diferenças para a normal carne de vaca. É mais escura, mais rija e de sabor mais intenso, detectando-se nela o típico sabor a “vacum”. Alfredo Tomaz prefere disponibilizar no seu talho carne das novilhas que vão às tentas e que acabam por ser postas de lado para as lides tauromáquicas. O que não valem em bravura podem valer em matéria de carne tenra. Por isso, o talhante costuma escolher animais no máximo com dois a três anos de idade que com alguma engorda de feno ficam no ponto para a carne ser vendida.O “Talho do Manel” fornece os restaurantes da vila com carne de toiro bravo mas também ali aparecem clientes interessados em comprar carne brava. A maior parte quer experimentar a carne para a poder grelhar. Pedem as peças mais nobres e tenras, da alcatra e do lombo. Diz quem gosta que outras partes também protagonizam bons petiscos. É o caso das abas para cozer, do rabo estufado ou da mão de vaca com grão.“Cozida ou estufada a carne fica mais saborosa porque apura melhor. Grelhada tem de ser mal passada. Há pessoas que pedem para se passar mais a carne e depois constatam que fica mais dura. A minha preferida é mão de vaca com grão”, refere Alfredo Tomaz. O talhante costuma adquirir animais na região de Coruche, nas casas de David Ribeiro Telles ou de António Veiga Teixeira, mas também na Casa Núncio (Alcácer do sal). Por vezes aparece também carne de origem espanhola mas que não costuma adquirir. Ao contrário do que se poderia pensar, por não haver tanta oferta, a carne de toiro bravo não é mais cara que a restante carne de vaca vendida nas superfícies comerciais ou talhos. Um quilo de carne brava pode variar entre os quatro e os 15 euros, conforme a nobreza da peça. Por altura dos Sabores do Toiro Bravo nota-se mais procura no talho, que costuma ficar aberto no fim-de-semana do certame. Na edição deste ano Alfredo Tomaz não sabe quanto vai gastar em carne mas em 2008, durante dois fins-de-semana do evento, vendeu 20 novilhos em carne, cada animal com cerca de 100 quilos. “Nota-se uma afluência grande nesta altura do ano e temos de saber aproveitá-la, seja a vender para restaurantes ou particulares”, exemplifica. Membro da Confraria do Toiro Bravo, Alfredo Tomaz defende que essa carne deve ser certificada, constatando que os ganadeiros apenas ligam à bravura do animal e pouca importância dão àqueles que não servem para as arenas e que entram na cadeia alimentar. “Podiam ser bem mais valorizados. Não há carne mais biológica que a do gado bravo que anda a pastar nos campos durante três ou quatro anos, sem farinhas na alimentação”, conclui.
Carne de toiro bravo é mais rija, escura e de sabor intenso

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