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Oliveira com quinhentos anos só está protegida no papel

População de Aveiras-de-cima teme destruição de árvore classificada

No concelho de Azambuja há quatro árvores protegidas, todas com mais de cem anos. São exemplares em os proprietários não lhes podem mexer sem autorização da Direcção-geral dos Recursos Florestais.

Na rua das Hortas, em Aveiras-de-Cima, Azambuja, há uma oliveira cheia de história. A árvore com 500 anos está classificada desde 24 de Abril de 2000 (Diário da República nº 96, II Série), tem estatuto de espécie protegida, mas a protecção só existe no papel.Há 10 anos, foi construído um muro de suporte que evita que as raízes rompam pela estrada dentro e uma copa onde permanece a água e a matéria que alimenta a árvore. “Isto devia ter uma vedação para evitar que esta malta acabe com o resto. Eu tenho 80 anos e sempre conheci esta oliveira”, explica Joaquim Pereira Agostinho, morador em Casais do Vale Cepa, visita habitual do lar que fica mesmo ao lado da propriedade que acolhe a árvore.No Ribatejo há cerca de 30 árvores classificadas de interesse público pela sua história, pela antiguidade ou pela raridade da espécie. Ninguém pode tocar nestas árvores, nem os proprietários, sem autorização da Direcção-geral dos Recursos Florestais. No concelho de Azambuja, para além da oliveira de Aveiras de Cima, existem mais três árvores classificadas e centenárias. Uma tamareira e uma araucária, classificadas em Setembro de 2004, estão protegidas no jardim do pátio da Casa da Juventude. Apesar do portão estar aberto e de haver contacto das pessoas com as árvores, não há sinais de degradação. Junto da Santa Casa da Misericórdia resiste uma oliveira com mais de um século. Uma parte da árvore de Aveiras de Cima está para lá do muro dum terreno onde O MIRANTE não encontrou ninguém. Os proprietários raramente estão no local e não foi possível apurar a relação que têm com a oliveira que, apesar da idade. “Ainda dá azeitona”, diz Alípio Dias Pinheiro, 69 anos. Ele recorda o tempo em que as crianças brincavam junto da árvore cujas raízes ocupavam metade da estrada que era de terra batida e agora está alcatroada. “Só se passava aqui a pé e havia um grande respeito pela oliveira. Agora estragam tudo”, refere. Um acto de vandalismo registado há anos deixou marcas que ainda são visíveis. Alguém deitou fogo à árvore. O troco está aberto. “Cabem quatro crianças lá dentro. Elas jogam aqui às escondidas”, refere Nuno Silva que brincou no mesmo local quando era criança. Apesar da placa colocada pela junta de freguesia que descreve a árvore secular e refere que está sob protecção, há pessoas insensíveis que fizeram pinturas na árvore e no muro de suporte.O presidente da junta de Freguesia de Aveiras de Cima, Justino Oliveira (CDU) reconhece que tem que ser encontrada uma solução para proteger a oliveira, mas diz-se de mãos atadas face ao estatuto da mesma. “A Direcção-geral dos Recursos Florestais nem faz nem deixa fazer. É preciso salvar o que resta. Qualquer dia já não há nada para ver”, alerta o autarca que já pediu a intervenção da Câmara Municipal de Azambuja junto da Direcção Geral dos Recursos Florestais. A entidade que zela pelas árvores protegidas garante que fez o que era possível e afirma que não tem registo de nenhum incidente desde o fogo que destruiu parte do tronco da oliveira. O presidente da junta adiantou que vai solicitar, mais uma vez, à câmara que faça uma exposição a denunciar a situação da árvore à Autoridade Florestal Nacional.

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