Um edifício provocador que é uma metáfora do sobreiro
Arquitecto Manuel Couceiro é o autor do projecto do observatório
Edifício será um espaço de investigação e promoção do montado de sobro. Obra custa 1,5 milhões e será inaugurada na sexta-feira pelo Ministro da Agricultura.
Uma chapa de aço corten, que com o tempo adquire a tonalidade da ferrugem e um revestimento com cortiça de várias texturas conferem os tons e as formas da natureza na entrada do edifício do Observatório do Sobreiro e da Cortiça que vai ser inaugurado na sexta-feira, 29 de Maio, em Coruche. O edifício de dois pisos será um espaço de investigação e promoção do montado de sobro e a obra custa 1,5 milhões, financiada a 75 por cento pelo programa Valtejo. “É um espaço de investigação que vai ser muito importante para a região e para o país”, realça o presidente da Câmara Municipal de Coruche, Dionísio Mendes (PS).“Projectámos um edifício provocador, poético que faz a metáfora do montado de sobro”, explica o autor do projecto, o arquitecto Manuel Couceiro que nos guia numa visita pelos pormenores que fazem a diferença.“A primeira ideia foi virar o edifício para o interior e criar uma forma que abraça quem chega e cria uma curiosidade de entrada naquele espaço dedicado à investigação”, descreve o professor associado da Faculdade de Arquitectura de Lisboa que acompanha a obra desde o primeiro momento.O primeiro piso tem uma zona de circulação pública que dá continuidade às exposições que se iniciam no exterior. Um auditório com 130 lugares distribuídos por plateia e primeiro balcão, está preparado para seminários, colóquios e acções de formação de maior dimensão e há um bar de apoio com zona de estar. Em cima, o espaço é dedicado ao estudo e investigação do montado de sobro. Há uma mediateca-biblioteca, laboratórios e oficinas de ensaio de materiais. Os espaços de circulação são zonas de investigação permanente. O primeiro contacto com o observatório cria admiração. Não há nenhum edifício semelhante. Todo o revestimento é feito com cortiça virgem (tirada pela primeira vez) e Amadia (tirada pela terceira vez, em sobreiros com mais de 40 anos). E para quem tem dúvidas da qualidade do material, o arquitecto Manuel Couceiro garante que “com cuidados de manutenção, a cortiça é para toda a vida”.No terraço, há zonas de sombreamento para proteger os materiais e melhorar e eficiência energética do edifício com umas figuras geométricas em estruturas metálicas brancas. E para dar cor e vida ao edifício, foram criadas janelas com molduras em tom “azul de Coruche”. Estão dispostas de forma irregular e com figuras geométricas variadas e de vários tamanhos. “Cria uma orgânica que remete para a metáfora do sobreiro como elemento vivo”, refere o autor do projecto. No interior, também há um aproveitamento da cortiça que enobrece o espaço. Há divisórias de espaços onde são usadas as rabanadas das placas de cortiça de onde se fazem as rolhas, aproveitando os buracos para deixar passar a luz. No auditório, há um aproveitamento do aglomerado negro de cortiça e foram criados frescos nas cores do montados, os verdes e os castanhos, que conferem um aspecto mais plástico. “Faz-se um ensaio à parte e aplica-se os frescos, o que sair é o que fica. Não é possível de alterar”, explica o arquitecto Manuel Couceiro. O observatório é um edifício provocador que vai suscitar curiosidade. Já foi divulgado em fóruns internacionais na Argentina e no Brasil e em seminários internacionais do Grupo Amorim com técnicos de todo o mundo. “Há uma grande curiosidade de poderem visitar a obra”, adianta o pai do projecto.
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