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A zelar pela higiene e segurança no trabalho

A zelar pela higiene e segurança no trabalho

Margarida Constantino sensibiliza empresários para o cumprimento das regras

A sua actuação passa pela verificação dos níveis de ruído, da iluminação e da qualidade do ar. Aconselha ainda no que respeita ao ordenamento dos espaços e até a postura que cada um deve assumir no trabalho.

Margarida Constantino integra uma dupla feminina do Instituto Médico Scalabitano (IMS) que visita empresas e espaços comerciais para que estes cumpram as regras de higiene e segurança no trabalho de acordo com a legislação. O comercial da empresa faz os contactos iniciais. Assinado o acordo, Margarida Constantino marca o primeiro encontro. Tem como objectivo verificar em que condições trabalham funcionários e administradores e todos os factores a que estão sujeitos, prevenindo doenças profissionais e acidentes laborais. Margarida Constantino trabalha há sete anos como técnica superior de higiene e segurança no trabalho. Tirou o curso de Ergonomia na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa que por si só já a habilitava como técnica superior. Apostou ainda numa pós-graduação em higiene e segurança no trabalho no ISLA Santarém. Prevenir é a palavra de ordem para que os empresários não sejam multados ou possam precaver acidentes.A sua actuação passa pela verificação dos níveis de ruído, da iluminação e da qualidade do ar. Aconselha ainda no que respeita ao ordenamento dos espaços e até a postura que cada um deve assumir no trabalho, sentado ou em pé. O trabalho é desenvolvido em vários sectores de actividade. Lares, cafés e restaurantes, oficinas de automóveis, escritórios diversos, cabeleireiros e esteticistas, empresas de transportes e construção civil, entre muitas outras actividades. Nas visitas às empresas, sempre na companhia da colega Mónica Cardoso, Margarida leva todos os instrumentos necessários. O modelo 1360 é preenchido e enviado à Autoridade para as Condições do Trabalho, ficando esta entidade a saber que a empresa contratou um serviço de higiene e segurança no trabalho. Segue-se a medição com aparelhos. O sonómetro mede o volume de ruído em determinado estabelecimento. O valor máximo permitido é de 87 decibéis. Se exceder o valor permitido, o espaço laboral poderá ter de sofrer alterações ou os trabalhadores terão de usar protecção nos ouvidos.A iluminação é medida com um luxímetro, aparelho que mede a intensidade da luz artificial, mesmo que conjugada com a luz natural que cada local possa receber. A intensidade da luz varia consoante o tipo de divisão. Geralmente compensa-se a falta de iluminação mas também pode sugerir a montagem de estores nas janelas se esta for intensa.A qualidade do ar é medida com recurso a um sensor em forma de bastão, que proporciona a leitura dos dados no visor de outro aparelho. Mede a temperatura, a humidade, o monóxido de carbono e o dióxido de carbono. “Esta medição tem diferentes valores consoante o sector de actividade. Mas, por exemplo, os escritórios de contabilidade, sem arejamento por janelas e com ar condicionado, podem atingir valores elevados de dióxido de carbono”, refere Margarida Constantino.Os problemas de ruído sentem-se mais em oficinas de automóveis, fábricas e serralharias, para as quais se propõe que os trabalhadores usem protectores auriculares. O problema de iluminação deficiente pode acontecer em qualquer actividade. Importante, garante, é que haja exposição de luz natural.Margarida faz ainda a avaliação da iluminação de emergência, verifica se as instalações possuem protecção contra incêndios e a sinalética devida nas instalações. O seu trabalho é maioritariamente desenvolvido na região de Santarém mas também tem alguns clientes de Lisboa e das Caldas da Rainha.O relatório das condições de cada empresa é enviado anualmente para o Ministério do Trabalho. A técnica reconhece que muitos empresários e comerciantes contratam os técnicos de segurança e higiene no trabalho devido ao receio de serem multados pelas entidades inspectivas. Alguns “chamam” mesmo quase de véspera quando sabem que algo vai acontecer.Os estabelecimentos mais antigos e de comércio de cidade são os que mais problemas registam. Pequenas superfícies como mercearias, lojas de electrodomésticos e de outros comércios que não evoluíram no tempo sentem as diferenças da aplicação restrita da legislação.Mas não são só as condições dos espaços comerciais que interessam a Margarida Constantino. Prevenir o aparecimento de doenças profissionais é outro dos objectivos, sejam elas lesões musculares ou esqueléticas. Faz avaliação dos riscos, observa situações por fotografias que tira, analisa a postura das pessoas e as suas tarefas. Os antebraços são as zonas mais sensíveis dos trabalhadores, que sofrem lesões devido à repetição constante de movimentos. Outras situações têm a ver com as posturas nas cadeiras, sendo melhor uma com assento e encosto reguláveis, e a fadiga visual. Margarida Constantino tanto pode fazer visitas anuais às empresas como de 15 em 15 dias, conforme o contrato estabelecido. Pelo facto de ser mulher e de fazer equipa com outra mulher e visitarem diferentes locais, Margarida sabe que as reacções podem variar. Mas, regra geral, confirma que são recebidas com respeito. Episódios também não faltam. Como ter ficado à porta de uma empresa pelo facto de o dono ter cães que ladravam no interior. Ou na visita a uma farmácia que, na parte de laboratório, tinha uma revista Playboy à disposição. “Também já encontrámos uma Playboy na caixa de primeiros socorros de parede de uma empresa de rações”, recorda.
A zelar pela higiene e segurança no trabalho

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