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Um pescador das águas doces do Tejo

Um pescador das águas doces do Tejo

“Ser pescador é ser livre. A gente em terra tem um patrão. No mar anda-se à vontade”. As palavras saem roucas da boca de Manuel Mendes, enquanto prepara as redes que vai lançar ao Tejo na esperança de capturar corvina, que por esta altura abunda no rio das “ninfas” de Camões, cantadas n’ Os Lusíadas. Descendente de uma família que sempre esteve ligada ao rio – o avô e o pai foram pescadores – o morador no bairro dos Avieiros, em Alhandra, diz que praticamente “nasceu pescador”. Tem 60 anos e desde os tenros sete que Manuel Mendes se dedica à arte de pescar. Para ele o rio não guarda segredos. “Já perdi a conta às vezes que percorri o Tejo acima e abaixo. Gosto de ser pescador e sempre fiz isto. Não aprendi outra profissão”, revela o alhandrense, numa quente tarde de sábado. O sol ilumina o rosto, denunciando as agruras de uma vida no rio. Manuel Mendes recorda com saudade os tempos em que o robalo, o linguado, a lampreia e a enguia abundavam nas margens do Tejo. “O rio agora está mau. O peixe já é pouco para quem vive dele. Quando há mais quantidade, como é o caso da corvina agora, há muita malta de terra que vem pescar para ganhar mais algum”, lamenta. É num barco de fibra que tenta a sua sorte. Algumas vezes é acompanhado por um dos seus “três rapazes”, de 30 anos. Outras vezes é a esposa, de 53, que salta para a embarcação à espera de boa pescaria. Mas as coisas não estão fáceis. “Vai-se sobrevivendo com algumas dificuldades. Não dá para férias. Apenas para andar sempre a trabalhar”, confessa Manuel. O pescador não augura um bom futuro para a actividade. “Vai acabar, quando eu e mais alguns como eu deixarem de ser pescadores”, vaticina o “guardião” do Tejo.Jorge Afonso da Silva
Um pescador das águas doces do Tejo

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