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Fernando Arguelles

Fernando Arguelles

68 anos, empresário, Carregado
Nasci no Norte de Espanha. Quando me perguntam de onde sou digo sempre que sou de Valladolid. Foi lá que fui criado e foi lá que estudei. Passei pelo curso de ciências económicas da Universidade de Madrid como trabalhador-estudante. Ajudei a montar supermercados em Espanha. Depois eu e a minha mulher viemos passar férias a Tróia há 25 anos e por cá ficámos. Era uma altura em que os produtos espanhóis eram praticamente estranhos. As pessoas iam comprar lá bonecas e rebuçados. No restaurante temos uma gerência à moda antiga. Fazemos questão de abrir a porta. E eu manejo a caixa. Não é por desconfiar dos empregados, que são uma maravilha. É porque às vezes pratico alguns preços por política. A minha esposa é a cozinheira. Temos um restaurante médio com qualidade média, mas com características de dedicação ao cliente. É o nosso grande atractivo.Passo 14 horas no restaurante. Por essa razão fechamos sábados e domingos. Há que adequar os horários ao funcionamento correcto. Assim consigo chegar na segunda-feira ao restaurante com um sorriso. Alguns empregados e donos de restaurante já não dão os bons dias porque têm a cara cansada.Se vou à praia fico incomodado. Bebo uma imperial, mas não estou ao meu gosto. Quando estou no restaurante – com os meus vinhos – estou tão bem ou melhor do que na praia. É assim quando gostamos do que fazemos. Fechar ao sábado e domingo é um descanso muito agradável. Teoricamente marcamos férias para Agosto, mas fechar trinta dias está fora de questão. Ao fim-de-semana eu e a minha mulher vamos comer fora. Sentamo-nos e ficamos a observar. Não para criticar, mas para aprender. Há coisas que na segunda-feira imediatamente as colocamos em prática. Não temos filhos por opção própria. No princípio pensámos que não seria adequado e decidimos. Depois, apesar da felicidade que são os filhos, chegámos à conclusão de que havia uma certa comodidade em não os ter, além das despesas que lhes estão associadas. Vamos almoçar ou passear como queremos e onde queremos e não temos que dar contas a ninguém. Eu e a minha esposa temos uma óptima relação. Se nos apetece ir a Cascais ver o mar, vamos.Sou companheiro e colega de trabalho da minha mulher. Claro que às vezes discutimos. Até por questões do restaurante. Eu quero um prato e trato de convencê-la. Porque não vejo a dificuldade da confecção de um prato. Vejo o aspecto comercial. E ela às vezes explica-me que não posso pedir isso à hora de almoço quando temos na sala 60 pessoas. Mas conseguimos resolver e seguir em frente.Aos sábados sento-me frente ao computador. Trato de tudo o que tem que ver com o restaurante. Não é um passatempo, mas integro a direcção da Acica - Associação Comercial e Industrial do Concelho de Alenquer. Temos uma série de projectos e esse é agora o meu passatempo. Gosto de ler livros técnicos de gastronomia. Leio economia, sobretudo revistas especializadas. Avançar sempre sem pisar ninguém. É este o meu lema de vida. O respeito por todas as pessoas, pelas empresas, pela sociedade e pelo Estado. Temos que avançar, mas não à custa de alguém. Fala-se muito da crise, mas a crise existiu sempre. Não devemos deixar-nos levar por essa ideia. Temos que pensar como enfrentá-la. O que não é possível é ficar parado. Moramos em Arruda dos Vinhos. Agora com a auto-estrada é uma delícia. Estamos a cinco minutos de casa. Antes íamos pela Nacional 10 que é péssima e perigosa com muitas curvas e trânsito. A meio do dia descansamos um pouco por aqui no restaurante, no Carregado. Nunca gostei de morar perto do trabalho. Hoje em dia seria difícil morar num andar.Vivemos numa casa velha ao pé de uma montanha. Fizemos a casa de banho, que não existia. Temos flores no jardim. E agora vamos fazer uma horta. A mulher de Obama deu-nos uma óptima ideia! De manhã saio de pijama para o quintal. Se vejo que está muito calor rego um pouco as rosas. Não temos empregados e por isso a minha mulher está agora a passar a ferro e vai pintar uma parede. Ana Santiago
Fernando Arguelles

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