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Jovem Vilafranquense vence concurso internacional de recortadores

Jovem Vilafranquense vence concurso internacional de recortadores

“Arte sem capote” encheu praça Palha Blanco em Vila Franca de Xira

Nasceu em Espanha mas a “arte de recortar” começa a ganhar espaço e a atrair cada vez mais aficionados às praças portuguesas. Em Vila Franca de Xira há um grupo de recortadores. O risco é grande mas a paixão fala mais alto.

“É a força do toiro contra a inteligência do homem”, diz Ivo Canta. Para Gil Cruz ser recortador “está no sangue e é para continuar”. “É a paixão pelo desafio, pela adrenalina e pelo toiro que é quem manda”, revela Pedro Carolino. Os três jovens fazem parte do grupo de recortadores “Vila Franca Sempre” que no sábado, 27 de Junho, disputou o segundo concurso internacional de recortadores que decorreu na arena da praça Palha Blanco em Vila Franca de Xira.Perante casa cheia e ao som da banda sonora do filme “O Gladiador”, os portugueses não se deixaram intimidar com a presença de espanhóis e franceses, muito mais experientes nestas lides, e demonstraram estar à altura do acontecimento.Prova disso foi a vitória de Pedro Carolino de apenas 17 anos que repetiu assim o sucesso conseguido no ano passado. No final o jovem vilafranquense estava naturalmente feliz com o êxito. O segredo é ter prazer naquilo que se faz. “É preciso gostar de andar aqui. Temos medo e respeito, embora lá dentro tudo passe” garante o jovem.O grupo de Vila Franca de Xira foi criado em 1997 e neste momento tem quinze elementos. Ivo Canta de 22 anos é o mais recente membro. Pela altura do Colete Encarnado do ano passado decidiu juntar-se aos amigos e segui-los para todo o lado por causa do toiro. “Fui habituado a isto. Amigo puxa amigo e o toiro puxa os amigos”, diz o técnico de telecomunicações. Na arena: “Há que mandar no toiro. Ele tem que fazer o que eu quero e não o que ele quer. É a adrenalina do jogo. Qual deles vencerá? Umas vezes é o toiro outras vezes é o homem”, revela Ivo Canta.O jovem assume que faz bem ao ego ser recortador. Mas assegura que isso não faz com que se achem superiores seja a quem for. A humildade procura ser sempre transmitida dos mais velhos para ao mais novos. A actividade é uma “escola de vida”.Ivo Canta lamenta que os portugueses não tenham as mesmas condições que os profissionais de França e Espanha. “Lá saem toiros puros à rua. Aqui já são batidos. Podemos hoje apanhar um toiro numa espera e daqui a duas semanas vamos apanhá-lo noutra terra. São animais que já não se metem como nós queremos e é muito mais complicado”, salienta o recortador.O jovem deixa um desejo. “Que apostem mais nestes concursos de recortes não só em Vila Franca como em todo o país. Há corridas de toiros que nem meia praça tem e um concurso de recortadores encheu a Palha Blanco”, referiu Ivo Canta.Quem já faz parte do grupo há três anos é Gil Cruz. Marinheiro de profissão, desde pequeno que sempre gostou de toiros. Costuma treinar com o grupo nas ruas durante as esperas e explica que nada do que acontece no “frente a frente” com o toiro, é por acaso. “Tudo tem um saber. Quando vamos para a arena sabemos o que vamos e o que podemos fazer. Por vezes temos medo e noutras alturas sentimos muita adrenalina. Mas isso só vem depois de estarmos na arena e à medida que vamos aprendendo e apercebendo o risco que passamos”, garante o jovem de 19 anos.Uma “arte” por explorar com muito potencialNo final a organização do evento estava satisfeita com a adesão dos aficionados e fez um balanço positivo desta segunda experiência em Vila Franca de Xira. “A casa esteve cheia o que demonstra um grande interesse do público. Teve qualidade como o ano passado e espero para o ano trazer novamente o concurso”, disse Ricardo Levesinho a O MIRANTE.O responsável não tem dúvidas em considerar que “as pessoas estão desejosas de ver um novo tipo de espectáculos que criem emoção”. Em Portugal ainda são raros os concursos de recortadores mas Ricardo Levesinho deixa uma ideia. “Criando campeonatos nacionais. É uma arte ainda muito no início com muito por explorar e um caminho para desbravar. Com muito potencial”, garante o empresário.Regras do concurso de recortadoresNo final do concurso ouviram-se assobios quando foi atribuído o prémio ao jovem Pedro Carolino. No entender do público o troféu devia ser entregue ao francês que presenteou a audiência com vários saltos e acrobacias sobre o toiro. O recortador Ivo Canta explica a mecânica do concurso. “Há três ou quatro equipas de quatro ou cinco elementos a disputar o concurso. O que dá mais pontos é o recorte. Dar as costas ao toiro, sentir o animal. Se for um recorte bem feito com o piton mesmo junto às costas é o ideal. Depois temos os câmbios de frente, de costas e ainda os saltos que é muito bonito e toda a gente gosta mas não dá pontos”, esclarece o recortador.
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