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A soberania é exercida pelo povo através da língua e da cultura

O texto de opinião de JAE publicado na última página da edição de 18 de Junho sobre “Um Exército ao serviço dos cidadãos” teve o meu aplauso por concordar inteiramente com o autor. Perante a reacção do presidente da direcção da Associação Nacional de Sargentos não posso deixar de enviar a minha opinião.Sou um ex-oficial miliciano combatente de África (Guiné - Maio/68 a Abril/70) e também sou filho de um oficial das Forças Armadas. Na Guiné, em 22 meses de fronteira, testemunhei a morte, o sofrimento e a angústia. A guerra marcou-me e em boa parte definiu a minha vida.Conheci e convivi com muitos sargentos do quadro permanente, em guerra e em paz e verifico regularmente pelas intervenções públicas desse senhor que a mentalidade e os objectivos dessa classe permanecem imutáveis. Tenho uma péssima impressão dessa classe profissional.Desde o 25 de Abril e da descolonização (com que concordo inteiramente) que questiono a necessidade da existência de Forças Armadas em Portugal, principalmente de Forças Armadas desajustadas da realidade geográfica e sócio-politica, organizadas e sustentadas na base da guerra, que consomem muitos milhões de escassos recursos emF-16, carros de combate e mísseis, submarinos...Temos dois corpos de polícia quando com apenas um corpo de polícia seria mais eficaz para fazer todo o policiamento e muito mais económico. Esse corpo profissional do tipo Guarda Nacional dos Estados Unidos teria todas as valências. Terrestre, aérea e marítima, e seria suficiente para garantir a segurança dos cidadãos, a soberania nacional e até missões no estrangeiro. Seria obviamente muito mais eficaz e mais económico que os actuais Exército, Força Aérea, Marinha, PSP e GNR.Também temos uma classe política acomodada e de reconhecida cobardia, com medo sequer de aflorar esta questão, não vão os militares irritarem-se, eles é que têm as armas... Se tivessem a necessária coragem e quisessem, com pequenos mas decisivos passos políticos lá chegariam, às tais Força Armadas mais eficazes e mais económicas.Por fim o Presidente da Associação Nacional de Sargentos utiliza o estafado argumento da garantia da soberania pelas Forças Armadas, que tem constituído quase o único argumento a justificar a sua existência actual. Para mim a soberania é exercida pelo Povo através da língua e da cultura, e para isso não necessita de qualquer farda.Eduardo Manuel Feliciano da Luz Oliveira

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