Voz de José Carreras deslumbra Santarém
Milhares de pessoas assistiram ao concerto do tenor espanhol dentro e fora do recinto
A lotação não esgotou, mas não faltou muito. Santarém vestiu-se de gala para o único concerto do tenor espanhol este ano no nosso país. Ana Isabel Borrego
O espectáculo único sugeria requinte e glamour e aqueles que compraram bilhete para assistir ao concerto prepararam-se a preceito para a ocasião. As senhoras trajavam fatos elegantes e de gala. Alguns homens vestiam fatos de cerimónia enquanto outros optaram por um visual mais informal sem deixar de ser elegante.Mais de meia hora antes do início do concerto de José Carreras, que se realizou na noite de sábado, 25, nas instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria (futura Fundação da Liberdade), em Santarém, já os admiradores do cantor começavam a entrar no recinto. Talvez o facto deste ser o único concerto que o tenor espanhol dará este ano em Portugal tenha atraído muitas pessoas à cidade, que quase encheram o recinto com mais de 8 mil lugares sentados.E não foram só portugueses que assistiram ao concerto. Os carros de matrícula espanhola demonstravam que alguns espectadores vieram do país vizinho para assistir ao espectáculo. Brasileiros, ingleses e asiáticos também não quiseram perder a actuação de um dos mais populares tenores a nível mundial.Enquanto dentro do recinto José Carreras deliciava a assistência com a primeira ópera intitulada “Cançó d’amor i de guerra – Les neus de les muntanyes”, acompanhado pela Orquestra Filarmónia das Beiras dirigida pelo maestro David Giménez, cá fora, no Jardim da República, algumas pessoas aproveitavam para, também elas, desfrutarem do concerto. Com a diferença de não terem que pagar bilhete.Foi o caso de um grupo de quatro amigas – todas de Santarém - que aproveitaram o renovado jardim para ouvirem o concerto num local privilegiado. Sentadas nuns bancos colocados em volta de uma mesa era como se estivessem lá dentro. A única diferença é que não podem ver. Mas isso é o que menos importa. “Nunca ouvi o José Carreras ao vivo e apesar de gostar da voz dele e de o ouvir cantar acho, sinceramente, que não vale a pena dar tanto dinheiro para assistir ao espectáculo. Não tinha paciência para ficar a assistir ao concerto do início ao fim. Vamos ficar aqui um bocadinho a ouvir mas não ficamos até ao fim. É só para sabermos como é”, explica Maria Rodrigues.A mesma opinião têm as amigas. Maria Antónia Rodrigues, vendedora de peixe na praça, confessa que gostava mais de ouvir o tenor quando cantava juntamente com Pavarotti e Plácido Domingo. “Quando cantavam os três é que era um verdadeiro espectáculo digno de ser visto. Sei que isso já não é possível porque o Luciano Pavarotti já morreu. Este cantor a actuar sozinho torna o concerto mais maçudo”, opina.Mais à frente está Joaquim Mónica que veio passear o seu cão. Hoje a volta incluiu o Jardim da República. “Para ouvir a música e ver a passagem de modelos. Hoje vem tudo com fato de gala. Vim só ver o ambiente porque prefiro ver outros espectáculos, os da festa brava”, explicou a O MIRANTE.Sentado na primeira fila, o presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores, vibrava com a voz do tenor que no final de cada música arrancava fortes aplausos dos cerca de sete mil espectadores. Totalmente absorvido pelo espectáculo, o autarca cantava baixinho como O MIRANTE pôde observar durante a música “Manhã de Carnaval”. As suas mãos acompanhavam o ritmo da música mostrando-se encantado com o espectáculo que terminou com a famosa “Granada”. A acompanhar o tenor em algumas árias esteve a solista portuguesa Isabel Alcobia que também actuou sozinha em várias músicas como a conhecida “Canção do Mar”.Maria Antónia Rodrigues, vendedora de peixe na praça, confessa que gostava mais de ouvir o tenor quando cantava juntamente com Pavarotti e Plácido Domingo
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