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“Um automóvel é um objecto de prazer mas pode ser uma máquina assassina”

“Um automóvel é um objecto de prazer mas pode ser uma máquina assassina”

Bruno Sengo é mecânico há cerca de dez anos no Forte da Casa

Entusiasta da mecânica e do radiomodelismo, escolheu os automóveis como parceiros de carreira profissional. Bruno Sengo é jovem mas tem uma vasta experiência como técnico. Ricardo Leal Lemos

Gosta de automóveis americanos e é radiomodelista nas horas vagas. Bruno Sengo tem 27 anos e já dedicou uma década à mecânica automóvel. “Sempre tive gosto pela mecânica, pela forma como as peças funcionam, as reacções químicas que se dão no interior do motor”, conta o mecânico que trabalha numa oficina multimarca na freguesia do Forte da Casa, concelho de Vila Franca de Xira.Como mecânico, Bruno Sengo privilegia o aconselhamento aos proprietários dos automóveis que se entregam nas suas mãos. “O que as pessoas menos vêem são os líquidos dos carros – óleo do motor, água – e a baixa pressão nos pneus. O que não se vê é o mais importante para o carro. Era importante que, nas escolas de condução, existisse uma formação prática mais consistente”, refere. “Só na carta de pesados se ensinam noções razoáveis de mecânica. Por isso, muitas vezes depende da curiosidade em relação a estes temas. Os homens estão mais abertos a aprender. As senhoras são mais retraídas”, sublinha.Fazer a manutenção de um automóvel é, com ou sem aconselhamento, é fundamental para garantir o seu bom funcionamento. Mas com os homens e mulheres que chegam até Bruno Sengo, aquele cenário nem sempre é uma realidade. “Há aquele cidadão que faz as manutenções a tempo e horas, mas outros só actuam quando o automóvel pára”. O mecânico avisa os mais incautos: “Um automóvel é um objecto de prazer mas pode ser uma máquina assassina”.A evolução dos automóveis, explica o mecânico, tem levado à introdução de cada vez mais componentes electrónicos. “A parte mais complicada de qualquer automóvel complicado são os componentes eléctricos, porque nem sempre as máquinas de diagnóstico detectam o problema certo”, nota. Mas o estado de cada componente varia com o tratamento que recebe. “Mesmo com muitos quilómetros pode estar em bom estado. Basta seguir os conselhos de uma condução segura: não ter o pé na embraiagem em andamento, não efectuar reduções drásticas de mudanças, reduzir a velocidade utilizando mais a caixa de velocidades e menos o travão”, diz Bruno Sengo. Dos mecanismos que conhece nas várias marcas, Bruno Sengo prefere os automóveis americanos aos europeus e japoneses. “São automóveis com mais potência, 100 por cento fiáveis e tendem a ter motores que não se gerem tanto pela electrónica. Os americanos gostam mais de força bruta e tradição”. Para quem trabalha numa oficina que aceita várias marcas, no entanto, a flexibilidade mental e a capacidade de reconhecer vários tipos de automóveis é importante. “Cada marca tem a sua tecnologia pelo que não podemos abranger muitas. Nas oficinas da marca, trabalham só com base na patente que possuem e por vezes não aceitam mais nada. Nós, nas oficinas multimarca, temos de possuir um conhecimento muito mais vasto e muito mais formação”, explica.O resultado foi o respeito pelo papel da aprendizagem. “Todos os anos a tecnologia evolui e requer que os técnicos tenham uma formação contínua e ser capaz de todas as reparações”. Por isso, Bruno Sengo rumou muito jovem ao Centro de Formação Profissional do Seixal, para obter formação profissional ao longo de dois anos. Aos 17 era mecânico. “Cá fora, as bases teóricas e práticas funcionam mas é sempre tudo diferente. Mas quem não gosta de obter mais conhecimentos é um mau profissional. Por causa da necessidade de evolução constante é que algumas pessoas desistem da profissão”, considera. Para quem trabalha todos os dias com automóveis, a própria experiência de condução ganha contornos diferentes. “Quando nos sentamos ao volante, sentimos o automóvel como se fôssemos nós. Quando algo não está bem, já fazemos ideia do que se está a passar. É um senso comum que se vai ganhando”, conta. Sobre o futuro dos automóveis e da profissão que desempenha, Bruno Sengo tem opinião formada. “Os motores de combustão interna e a mecânica automóvel como a conhecemos vão acabar daqui a 30 ou 40 anos. Já há muitos componentes essencialmente eléctricos nos automóveis e, no futuro, funcionarão com baterias. A própria profissão de mecânico já tem muito de electricista”, declara.Para quem trabalha todos os dias com automóveis, a própria experiência de condução ganha contornos diferentes. “Quando nos sentamos ao volante, sentimos o automóvel como se fôssemos nós. Quando algo não está bem, já fazemos ideia do que se está a passar. É um senso comum que se vai ganhando”, conta.
“Um automóvel é um objecto de prazer mas pode ser uma máquina assassina”

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