Santarém deve ser a única cidade do mundo onde o seu espaço de referência é um pequeno inferno. Falamos no Largo Sá da Bandeira, vulgo Largo do Seminário, lugar de encontro e de visita obrigatória para todos os turistas nacionais e estrangeiros. Pois aquele que havia de ser o espaço por excelência para no final de uma tarde passear as crianças, sair à rua para uma conversa ao ar livre, ver morrer a tarde sentado num banco de jardim à sombra de uma árvore, é um pequeno inferno no Verão e uma armadilha para gente incauta no Inverno ou quando cai uma chuvada. Se o sol é insuportável até para quem atravessa o largo em hora de ponta, imagine-se a atravessar o largo com o chão molhado por uma brisa da manhã. O sol não parte costelas mas as quedas naquele piso traiçoeiro já levaram algumas pessoas para o hospital e a amaldiçoarem a sua vida.Estamos a falar do largo principal de uma cidade que se diz capital do gótico e quis ser património mundial da humanidade. Estamos a tentar explicar que enquanto aqui na vizinha Espanha qualquer largo ajardinado, por pequeno que seja, se enche de gente a meio da tarde para conviver, em Santarém, o largo principal da cidade é um inferno de que vale a pena fugir.Não vale a pena bater mais no ceguinho mas as obras de requalificação do Largo do Seminário deveriam ir a tribunal e os autarcas e engenheiros que aprovaram aquela obra deveriam pagar os erros do seu bolso. E em frente a um tribunal cheio de povo para que ganhassem vergonha na cara e nunca mais pudessem gerir a coisa pública.