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“Não me vou recandidatar à presidência do clube nas próximas eleições”

“Não me vou recandidatar à presidência do clube nas próximas eleições”

José Carlos Araújo esteve 17 anos à frente do União Atlético Povoense

Depois de 17 anos à frente do União Atlético Povoense, José Carlos Araújo, em entrevista a O MIRANTE, revela que não se vai recandidatar à presidência do clube nas eleições de Abril do próximo ano. Razões pessoais e familiares estão na base da sua decisão, que segundo ele, irá surpreender muita gente. O dirigente diz que deixa obra feita e assegura que sai com a convicção de que fez tudo em prol do bem do clube da sua terra, que neste momento movimenta cerca de 1000 praticantes nos diversos escalões e modalidades. Quanto à sua sucessão. “Haverá muitos candidatos”, garante.

José Carlos Araújo não se vai recandidatar à presidência do União Atlético Povoense (UAP) nas próximas eleições. “Vou cumprir o meu mandato até Abril e depois descansar. Tenho a minha missão cumprida e há que dar lugar a outras pessoas”, revela o presidente do clube fundado a 1 de Maio de 1942.Razões pessoais e familiares estiveram na base da sua decisão. “Às vezes esquece-se a família. Chega uma altura em que questionamos se vale a pena andarmos aqui a perder todas estas horas e a prejudicar a nossa vida particular e familiar”, confessa o ainda presidente do UAP.O dirigente afirma a sua não recandidatura vai apanhar muita gente de surpresa, já que tem preferido manter o silêncio e é a primeira vez que torna pública a sua decisão. Quanto à sua sucessão, não tem dúvidas. “Vão aparecer muitos candidatos”, diz, confiante. José Carlos Araújo tem 56 anos e é um filho da terra. Assumiu a presidência do UAP em 1992 depois de ter aceite um convite endereçado por alguns sócios, tendo como compromisso, criar condições e dotar o clube de instalações que até essa altura não dispunha.Depois das obras de melhoramento feitas no campo de futebol “António Cardoso” seguiu-se a sede social do clube. Inicialmente instalada num rés-do-chão e que implicava o pagamento de uma renda, foi comprada, deitada abaixo e construída uma nova sede com primeiro andar e inaugurada em 2002.Com a ajuda do professor José Manuel Pintassilgo, nadador de renome nacional e natural da terra, foi construída a piscina municipal da Póvoa de Santa Iria que é usada pelos atletas do Povoense, ao abrigo de um protocolo com a autarquia.Depois de o projecto ter estado três anos na gaveta, em 2003 começou a ser inaugurado aquela que é considerada a obra mais importante do clube. “O complexo desportivo do UDP é do povoense. Sem permutas. Conseguimos pôr a obra em pé só com os subsídios. De 2 milhões e 500 mil euros, faltam pagar 300 mil euros”, revela o presidente.José Carlos Araújo diz que apesar das “arrelias” e dos “problemas” enfrentados ao longo de tantos anos, tem a consciência do dever cumprido e todos aqueles que o acompanharam nas respectivas direcções sentem orgulho na obra feita. “Em sete anos conseguiu fazer-se dois campos de futebol, uma pista de atletismo e uma sede social, que é do clube. Demos muito à comunidade e ao povoense”, assegura o dirigente que assume frontalmente alguns erros. “O que fizemos foi sempre a pensar no melhor para o clube. Só não comete erros quem não trabalha”, salienta José Carlos Araújo.Durante esta semana está previsto o início da colocação de uma bancada lateral no campo principal, com capacidade para 400 pessoas. Quando questionado se é uma forma de fechar com chave-de-ouro os 17 anos que passou à frente do UDP, o dirigente é claro na resposta. “Desde que se trabalhe de corpo e alma neste clube é sempre chave-de-ouro”.José Carlos Araújo deixa ainda dois desejos e uma garantia. “Que os próximos elementos que assumirem os destinos do clube façam aquilo que nós fizemos mas com mais ajudas. Como o clube está virado para a população, era bom que as pessoas viessem também ao encontro Povoense. Não há necessidade de irem para fora praticar desporto, quando há muitas actividades para oferecer”, refere o ainda presidente que garante. “Estarei sempre disponível para ajudar”.Equipa sénior não está em riscoA equipa sénior do União Atlético Povoense (UAP) desceu na última época à primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Lisboa. “Em termos financeiros estamos em baixo”, garante o presidente.José Carlos Araújo afirma que está a pensar criar uma comissão, para efectuar uma colecta, com o objectivo de angariar fundos, para que não seja o clube a suportar as despesas dos transportes dos jogadores.Nos últimos anos a Câmara de Vila Franca de Xira tem vindo a baixar gradualmente os subsídios, facto que tem criado problemas à tesouraria do UAP. “Este ano recebemos 15 mil euros. Nem dá para pagar a luz”, refere José Carlos Araújo.O dirigente defende que o povoense tem que rapidamente arranjar maneiras de se auto financiar. As mensalidades pagas pelos “miúdos” por vezes não chega. Os dirigentes do clube estão em negociações para ver se conseguem uma parceria com um restaurante, que visa a obtenção de mais uma fonte de rendimento.Arranjar mais patrocínios seria a solução para o problema e o presidente deixa uma ideia que espera ver concretizada. “Fazermos um livro que desse descontos aos sócios do clube em compras feitas no comércio da Póvoa. Era uma forma de divulgação do clube e do próprio comércio”, garante. Actualmente o UAP tem 2200 sócios. Com uma população de 35 mil habitantes, o presidente considera que o ideal seria chegar aos 3500, ou seja 10% da população, o que seria mais uma forma de ajudar o clube da terra.O orçamento do UAP é de 300 mil euros e para a equipa sénior estão destinados 30 mil, que segundo José Carlos Araújo, estão já assegurados, mas só para a presente época.Da Weasel, um gerador e 100 mil euros a voarHá três anos, como forma de angariar dinheiro para a equipa sénior, os responsáveis pelo União Atlético Povoense (UAP) decidiram organizar um concerto com duas bandas portuguesas no recinto do complexo desportivo.Os Toranja actuaram mas os Da Weasel não. A banda de Pacman alegou que o gerador não estaria nas melhores condições e organização já tinha pago os 100 mil euros. “O clube pagou tudo e eles não actuaram porque não quiseram. O gerador não tinha nenhum problema”, garante o presidente do UAP José Carlos Araújo, dizendo que o caso arrasta-se em tribunal. “A partir daí tem sido complicado acertarmos as contas”, disse o presidente, que apesar da nossa insistência não revelou o passivo do UAP.União Atlético Povoense movimenta mais de mil praticantesFrequentam as instalações do União Atlético Povoense (UAP) cerca de 1000 utilizadores entre atletas federados e utentes livres. Diariamente o complexo desportivo é local de treino para duas centenas de desportistas.No futebol, os atletas da escola Povoa Fot, que serve elo de ligação com o Sporting e que é responsável pela formação de jogadores até aos 10 anos, movimenta à volta de 320 atletas, a grande maioria natural da Póvoa de Santa Iria, uma das cidades mais jovens do país.Além do protocolo com a Povoa Fot, o Povoense tem as suas próprias equipas. Desde os infantis até aos seniores, contabilizam-se mais 250 futebolistas. “Há um grande fluxo de miúdos. Primeiro temos de os deixar praticar desporto. Depois, como há muita quantidade é natural que haja também alguma qualidade. Esperamos que surjam alguns jogadores mais tarde”, revela José Carlos Araújo.No atletismo são cerca de 80 os corredores que usufruem da pista Carlos Fontan, situada no complexo desportivo. Para o presidente está a ser desenvolvido um trabalho proveitoso pela equipa que está à frente da secção de atletismo. Mas deixa um lamento. “Gostávamos de ter mais apoios em relação ao atletismo. Temos actualmente um campo com 42 mil metros quadrados de terrenos. É muito complicado fazer a manutenção do espaço, diz o dirigente. A estes números juntam-se mais 380 utentes que frequentam a natação.José Carlos Araújo revela que está a ser formada a secção náutica que incluirá remo, vela e canoagem, aproveitando a proximidade e as potencialidades que o Rio Tejo oferece. “Vamos fazer uma parceria com um clube de grande dimensão a nível nacional, que tem campeões nacionais, para a modalidade do Remo”, garantiu o presidente, que se escusou, para já, a divulgar o nome do misterioso clube.
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