A novela da constituição das listas do PS aos órgãos autárquicos do Cartaxo conheceu mais um episódio caricato com a substituição do cabeça de lista à assembleia municipal. António Góis, actual presidente desse órgão, já havia sido convidado e anunciado há algumas semanas pelo presidente da câmara e recandidato ao cargo Paulo Caldas, mas na semana passada deu-se mais um golpe de teatro: o presumível candidato não gostou de ver colocados no fim da lista dois nomes por si indicados e abandonou o projecto. Para número um foi indicada Maria Manuel Simão, que se encontrava em terceiro lugar.Os militantes foram convocados por telefone para a reunião da comissão política concelhia de quinta-feira, 13 de Agosto, com o objectivo de sufragar a lista redefinida por Paulo Caldas após se saber que o médico António Góis só estaria disponível para encabeçar a lista com dois nomes da sua confiança em lugares elegíveis. João Sardinha e Vasco Casimiro tinham sido colocados apenas em 15º e 18º lugares na lista sem o conhecimento de António Góis, o que poderia redundar na não eleição desses dois elementos para a assembleia municipal. A proposta para colocação desses nomes em lugares de topo na lista não passou. Já a lista encabeçada por Maria Manuela Simão, ex-professora e militante socialista, de onde desaparecem os nomes de António Góis e dos dois elementos que indicara, foi aprovada por 18 votos a favor, 9 votos contra e três votos nulos.Em comunicado, o presidente da concelhia do PS, Câncio Ribeiro, confirma essas informações e salienta que, definidos os candidatos, há que ir para o terreno mostrar o projecto socialista para os próximos quatro anos. Acusa ainda PSD, BE, CDU e CDS de praticarem uma “política do bota abaixo” e não representarem uma alternativa credível para gerir os destinos do concelho.Recorde-se que Câncio Ribeiro substituiu Paulo Caldas na liderança do PS Cartaxo após a demissão apresentada por este na reunião da concelhia de 5 de Agosto, quando viu chumbada a primeira versão da lista de nomes ao executivo municipal. Caldas foi “obrigado” a retirar para terceiro lugar o seu número dois da lista, Paulo Varanda, e a colocar nessa posição Rute Ouro, que estava em terceiro lugar. Nessa reunião Paulo Caldas invocou razões pessoais para justificar a demissão e, posteriormente, afirmou que não se revê “neste PS Cartaxo”. Demitiu-se também da vice-presidência da Federação Distrital do PS e do lugar de membro do Conselho Nacional. Maria Manuel Simão, Fernando Santos, Bernardo Pereira, Rita Gameiro, Pedro Monteiro, António Pego, Ana Rita Rodrigues, José Francisco Fernandes, Jorge Pisca e Joana Vergas são os dez primeiros nomes da lista socialista à assembleia municipal. A lista à câmara tem nos cinco primeiros lugares Paulo Caldas, Rute Ouro, Paulo Varanda, Pedro Gil e Rita Gameiro.O MIRANTE contactou por diversas vezes António Góis para obter uma reacção da sua parte mas o telemóvel esteve sempre desligado.PSD Cartaxo fala em mais um “episódio de trapalhadas” Em comunicado de reacção à situação vivida no PS, o PSD Cartaxo fala em “mais um episódio de trapalhadas de Paulo Caldas” e questiona a sua coerência política. Assinado por Pedro Reis, presidente da concelhia social-democrata, no comunicado pergunta-se como é possível que Caldas afirme que não se revê no PS Cartaxo quando durante três anos e meio foi presidente dessa estrutura e, simultaneamente, presidente da câmara.“Será que o presidente do PS Cartaxo não dialoga com o presidente da câmara, eleito pelo PS e que – por mero acaso e coincidência – são a mesma e a única pessoa? Será que Paulo Caldas tem vergonha do trabalho que o PS Cartaxo fez nos últimos três anos e meio – aos quais presidiu – e agora pode, sem qualquer pudor, candidatar-se a presidente da Câmara do Cartaxo pelo mesmo Partido Socialista no Cartaxo?”, questiona com ironia Pedro Reis. O PSD conclui que Paulo Caldas justifica a sua incapacidade política para liderar o PS e a câmara criando ilusão, confundindo os cidadãos e manipulando os acontecimentos. Os sociais-democratas consideram que a população do concelho tem motivos para censurar o presidente da câmara e o ex-presidente dos socialistas.