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Maria Cristina Cabral

Maria Cristina Cabral

Directora técnica de farmácia, Chamusca
A farmácia é uma tradição familiar. O meu avô Joaquim Cabeça foi ajudante-técnico de farmácia desde criança e trabalhou até morrer. Ajudava as pessoas em tudo. Fazia de médico, de enfermeiro, de psicólogo e de amigo. É uma pessoa muito querida das pessoas da Chamusca e nós fizemos esta homenagem mudando o nome da farmácia para perpetuar a sua memória e todo o trabalho que fez.Quando eu era criança acompanhava o meu pai que era farmacêutico e estava ligado à indústria de produção de medicamentos. Fascinava-me com aquele mundo e comecei a ter muita curiosidade em conhecer o processo de fabrico dos medicamentos. Como gostava de Matemática, Biologia e Química foi fácil ter optado pelo curso de farmácia que fiz na Faculdade de Ciências de Lisboa. O contacto com as pessoas é fundamental. O que eu queria mesmo era estar perto das pessoas, ter o contacto com os utentes. Sempre gostei de campo e não foi difícil deixar Lisboa para vir viver para a Chamusca. O meu sonho era viver numa casa no meio do campo e numa vila calma como esta.Na farmácia, a relação com o cliente é diferente da maioria dos outros negócios. Falamos muito. Contam-nos os seus problemas. Pedem ajuda e conselhos. Há uma partilha diária. Temos pessoas que vêm à farmácia só para falar connosco. Isto é um serviço público.A crise também se reflecte na farmácia. Há doentes que não levantam todos os medicamentos e têm de fazer opções. Quando recebem a reforma a dobrar nota-se que estão mais à vontade para levar toda a medicação.Nas nossas farmácias ainda há fiados. Na generalidade as pessoas são muito honestas e pagam logo que podem, mas há casos em que perdemos o dinheiro e o cliente. Quando percebemos que há dificuldade facilitamos, principalmente às pessoas mais idosas porque há pessoas com pensões que mal chegam para os medicamentos.A venda de medicamentos fora das farmácias tem de ser bem acompanhada com uma supervisão apertada porque vender um medicamento é um risco muito grande. Se houver um técnico competente que aconselhe, tudo bem.A imagem de modernidade de uma farmácia é importante, mas nós procuramos manter também as memórias desta casa. Há que conciliar a inovação com a tradição e a memória que está associada ao passado das pessoas mais antigas que continuam a ser nossas clientes.Chamusca é uma terra muito bonita com qualidade de vida. Gostava que houvesse mais emprego e mais ocupação para as crianças e jovens. Temos de criar condições para fixar os jovens casais e ajudar a desenvolver este concelho. Gosto de passar o meu tempo livre em família. Tenho três filhos de 3, 6 e 8 anos e todo o tempo livre é para me divertir com eles. Nas férias da Páscoa gostamos de fazer uma viagem pelo Norte de Portugal. Não gosto de cozinhar mas gosto mais de comer em casa, em vez de ir aos restaurantes.O gosto pela farmácia herdou do avô Joaquim Cabeça cuja memória perpetua nas duas farmácias que tem na Chamusca. Cristina Cabral encara a profissão como um serviço público e está sempre disponível para ajudar quem precisa de um conselho ou apenas de uma palavra de ânimo. Cresceu e formou-se em Lisboa, mas não troca a sua Chamusca por nenhum local. É no conforto do lar, rodeado de ar puro, e no aconchego da família que carrega baterias para os longos dias de trabalho.
Maria Cristina Cabral

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