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Um drama que nunca mais tem fim

Acompanhei de perto o drama dos pais de Foros de Salvaterra a quem a Segurança Social retirou os três filhos menores. Fui ao local algumas vezes para ver como viviam as crianças, para falar com os vizinhos e conhecidos, para acompanhar as obras da nova casa que um conjunto de populares resolvera pôr de pé.Fiquei sempre convencido que a retirada das crianças aos pais foi uma decisão errada da Segurança Social. Ficou claro, pelas informações que fui recolhendo, que os técnicos responsáveis por esta lamentável situação actuaram de forma indevida e irresponsável sem esgotarem todas as soluções que poderiam minorar o problema da falta de condições da habitação onde vivia a família.A melhor resposta à injustiça foi a mobilização da população de Foros de Salvaterra que, sem ajudas das entidades oficiais, conseguiu erguer uma nova casa para a Marília e para os seus três filhos.A casa está pronta há mais de dois meses depois de muito trabalho voluntário e da ajuda de muita gente que pagou os materiais necessários e a nova mobília. Nestes meses todos que passaram fomos testemunhas diversas vezes das lágrimas que a Marília chorou pelos filhos; das palavras tristes que lhe iam saíndo da boca. Curiosamente nunca a ouvimos mandar à merda quem fez da sua vida um pequeno inferno, retirando-lhe os filhos e depois abandonando-a como se abandona um animal cansado e doente, esperando que ele morra o mais rápido possível para minorar o seu sofrimento. Pelo contrário: sempre lhe ouvimos foi palavras de esperança no regresso dos filhos. E uma grande fé no espírito de solidariedade da população.Depois da injustiça da retirada dos filhos chegou a vez da Marília viver o drama da burocracia deste país de papalvos. A população trabalhou incansavelmente para lhe construir a casa e comprar a mobília porque todos querem as crianças de volta à sua casa. A Segurança Social e a Câmara de Salvaterra devem estar agora a inventar milhares de desculpas para poderem chutar para canto e não assumirem a culpa pelo facto dos filhos da Marília ainda dormirem na cama que não é a deles. Entretanto, como todos sabemos, desde que a casa ficou pronta e mobilada, devem ter-se passado coisas na vida daquelas crianças que serão impossíveis de contar, principalmente porque todos seríamos incapazes de as compreender.A forma como as instituições podem destruir a vida de um cidadão é uma realidade que me revolta. E a inutilidade de certos cargos políticos chega a ser confrangedora, trinta e muitos anos depois do 25 de Abril.Se eu fosse eleitor do concelho de Salvaterra de Magos pensava duas vezes antes de votar em políticos que não sabem olhar à sua volta e distinguir o acessório do essencial.JAE

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