Câmara inaugura um terço de parque urbano em Vialonga
Investimento custou 800 mil euros
Jardim foi inaugurado na data em que estava prevista a conclusão de todo o parque urbano. Comissão de moradores não foi convidada, mas esteve presente para reclamar contra o atraso.
Foi ao som de bombos que a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha (PS), inaugurou o Jardim dos Socalcos - primeira fase do Parque Urbano da Flamenga - na freguesia de Vialonga. A música tradicional portuguesa, tocada pelo Grupo de Zés Pereiras “Os Baionenses”, serviu de pano de fundo à abertura oficial ao público, no sábado, de um terço da obra que deveria estar, segundo as estimativas da autarquia, completa na totalidade no próximo mês de Outubro. O jardim, cuja construção custou cerca de 800 mil euros, estava já concluído há vários meses e aberto ao público. Alguns dos bancos de jardim chegaram mesmo a sofrer actos de vandalismo, nunca tendo sido reparados pela autarquia. O equipamento de apoio, como a esplanada/bar prevista para o local, não tem ainda estrutura montada. Apesar dos trabalhos por fazer a presidente inaugurou o jardim. A autarca salientou que o atraso na conclusão do Parque Urbano se deveu à verificação de que teria custos muito mais elevados dos que os estimados em projecto. “O custo do parque vai ser de dois milhões mas ao princípio era de um. Verificámos que pela dimensão que tem, tinha de ser mais ambicioso”, justificou. Maria da Luz Rosinha voltou a referir a questão económica depois de na última assembleia municipal ter contradito informações prestadas a O MIRANTE pelo vereador do urbanismo, Alberto Mesquita, sobre a alegada falta de capital para investir no local. O vereador, em conjunto com a presidente, tinham acrescentado que o atraso se devia ao facto de a conclusão da obra “não se tratar de uma prioridade”. A presidente não passou ao lado de várias situações de protesto contra a inauguração do jardim. Os sacos de plástico negro colocados no varandim de um dos socalcos do jardim, os pequenos cartazes em papel colocados em parede por toda a freguesia dizendo “Tenham vergonha! Acabem o parque urbano e depois inaugurem-no!” e um pano com frase de protesto colocado na rotunda da urbanização, não ficaram fora do discurso da autarca, que garantiu “trabalhar todos os dias para os vialonguenses”.Pouco satisfeitos ficaram os moradores da Quinta da Flamenga, urbanização em que fica instalado o jardim. A comissão de moradores não foi convidada, mas compareceu para protestar contra a inauguração. João Milheiro, membro da comissão, notou a O MIRANTE que “o jardim é inaugurado de uma forma muito inacabada”. O morador salientou que “o muro que separa o jardim da estrada era para ser recuperado e ter iluminação. Nas escadas só há um corrimão, pelo que do outro lado se pode cair, em caso de falta de equilíbrio e o bar está por fazer. O movimento de moradores nem sequer foi convidado. É esta a consideração que o executivo tem pela população de Vialonga”. O presidente da Junta de Freguesia de Vialonga, Manuel Valente (CDU), manifestou que “a conclusão do parque urbano é uma obra que gostaria de ver concluída no meu mandato. Não está, pelo que espero que quem estiver na câmara após as eleições, meta no orçamento a verba para o concluir”. A Quinta da Flamenga é uma urbanização que começou a ser habitada em 2001 e continua a crescer. No local, está prevista a construção de uma piscina, ginásio, campos de ténis, um lago com cascata e vários arranjos urbanísticos. As obras, que eram da responsabilidade do urbanizador, deixaram de o ser, por via de compensações financeiras apresentadas pelas empresas à câmara municipal. A urbanização continua a crescer, com habitações que são vendidas no mercado, com argumentos comerciais mencionando o futuro parque urbano, por valores na ordem dos 150 mil euros. CDU contesta inauguraçãoO candidato da CDU à assembleia de freguesia da CDU, José António Gomes, contesta a inauguração da primeira fase do Parque Urbano da Flamenga. O candidato esteve na inauguração e garante que, “se a obra está a custar mais dinheiro que o previsto é pelo atraso que tem. Alguns moradores já mudaram de casa e nunca viram a obra concluída, apesar de terem pago mais caro as suas casas por causa dela”, refere.Parque urbano com percurso complicadoO projecto do Parque Urbano da Flamenga nasceu a meio da década de 90, no início do primeiro mandato da actual presidente de câmara Maria da Luz Rosinha. Após vários anos de obstáculos o projecto foi em 2006 alvo de uma reformulação para corresponder à dimensão da urbanização, habitada desde 2001 e que continua a crescer e representa um dois maiores maciços habitacionais da freguesia de Vialonga. Também em 2006 foi criado o Movimento Jardim Parque Urbano da Flamenga, composto por moradores da urbanização, que reivindicava a colocação em prática dos projectos idealizados. O grupo, que foi apresentado publicamente numa reunião pública de câmara realizada em Trancoso, freguesia de São João dos Montes, tentou obter informação sobre o projecto, mas desde início se viu afastado da discussão sobre as melhorias a implementar no projecto. As obras, que eram da responsabilidade do urbanizador, ficaram a cargo da Câmara de Vila Franca de Xira por via de compensações financeiras apresentadas pelas empresas.Com a movimentação de terras em curso no Parque Urbano da Flamenga, o novo projecto foi apresentado com pompa e circunstância pelo executivo camarário. As datas de conclusão de todas as obras foram sendo adiadas, de Março de 2008 para Outubro de 2009, e neste momento, para o próximo mandato.
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