uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Um território de índios

A facilidade com que um cidadão monta uma barraca no leito do rio Tejo e em poucos dias transforma a barraca num local para viver, com esplanada, arame de roupa, pocilga e jardim privado, depende da criatividade de cada um.Quem passa todos os dias por cima da Ponte D. Luís, em Santarém, e olha lá para baixo, pode observar a recente construção de um desses espaços, talvez o princípio de uma nova urbanização para a história, quem sabe um bom pretexto para que a Região de Turismo cá do sítio possa mostrar trabalho no estrangeiro e assim atrair os turistas que passam a cem à hora na A1 directos a Fátima e a Tomar.Colocar publicidade nas árvores e nos postes da EDP à beira da estrada é uma grande falta de civismo e de respeito e demonstra hábitos e costumes requentados. Quem viaja por Espanha e França, só para citar os países vizinhos, percebe que a paisagem também é património e não pode ser poluída com mensagens publicitárias. Sabendo que muitos dos nossos autarcas passam férias nesses países não se percebe a sua falta de sensibilidade para as questões do património. Aqui, neste território de índios, são algumas autarquias que acabam a dar o exemplo. Um triste exemplo que demonstra bem a nossa falta de cultura cívica.Os problemas que prejudicam o turismo na nossa região dariam pano para mangas se houvesse alguém interessado neste tipo de alfaiataria. E não é só o escândalo dos dirigentes reformados que ocupam lugares à margem da lei. Os dinheiros gastos na recuperação de casas antigas e palacetes, aproveitando os fundos comunitários para o investimento no turismo rural, não passam, na maior parte dos casos, de farsas bem montadas para proprietários ricos valorizarem o seu património. É um escândalo mas ninguém liga. Os governos do país vão-se sucedendo e como a principal preocupação dos políticos é assegurarem os tachos não há vigilância sobre os dinheiros públicos que foram gastos em projectos que depressa, e à boa maneira portuguesa, são adulterados.As rotas do vinho e do touro bravo são outros dois bons exemplos. Quanto é que se gasta em promoção de actividades dirigidas ao turismo que não existe? Quanto é que cada proprietário recebeu ou recebe para fingir que faz parte de um projecto turístico que não recebe turistas nem nunca recebeu ?José Sócrates fez bem em vir a Santarém lembrar ao país que para o PS é muito importante ter o voto de Francisco Moita Flores, o presidente da CMS eleito nas listas do PSD. António Carmo já disse que vai ganhar a autarquia a brincar falando para uma plateia de trezentos militantes e simpatizantes do PS. Somando todas as declarações e posições políticas apetece dizer; é lá agora o José Sócrates, por precisar do voto de Francisco Moita Flores, que vai pôr em causa a vitória de António Carmo nas eleições autárquicas em Santarém que se realizam quinze dias depois das legislativas!Sabem o que é que eu acho? Já não há tipos com tomates. Estão todos a trabalhar para o Estado e ao serviço da República. Da República dos tempos dos filmes da Beatriz Costa. JAE

Mais Notícias

    A carregar...