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O “mister” da Póvoa de Santa Iria que foi campeão em todos os escalões

O “mister” da Póvoa de Santa Iria que foi campeão em todos os escalões

Libério Lopes é treinador de futebol há quase duas décadas

Ser treinador de futebol é uma profissão que exige dedicação, estudo e empenho diário. Libério Lopes, 45 anos, natural da Póvoa de Santa Iria, diz-se gestor, economista e estratega num só. Tudo para que em 90 minutos um grupo de 11 jogadores coloque uma bola na baliza adversária.

“A profissão de treinador, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, não é fácil nem se resume a desenhar setas num quadro”, refere Libério Lopes. Tem 45 anos, é natural da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira e é treinador de futebol. Acumula com esta profissão a de técnico de máquinas de refrigeração de cervejas. Diz que gosta de ambas mas que a bola é “aquele vício”. Libério é quase um gestor, economista e estratega num só. Faz a gestão do plantel de jogadores em várias áreas como o cansaço ou a motivação individual. Está atento ao desgaste dos atletas e sabe quais os mais resistentes para enfrentar os adversários mais temidos. Por fim, mexe, orienta e instrui os jogadores como peças num tabuleiro, para que no final a vitória seja a sua recompensa. Sabe como motivar mas é exigente. Tal como o desporto. Para ser treinador Libério tirou um curso ministrado pela Federação Portuguesa de Futebol. “Tirei o curso de treinador de nível 1. O curso tem várias cadeiras sobre aspectos técnicos e tácticos, as leis de jogo, educação física e outras. Não deixa de ser uma boa escola, aprendemos muito. O meu curso, que tirei em 1994/95, durou cerca de sete meses e custou-me 75 contos, quase o preço de uma carta de condução”, ironiza Libério Lopes. Já antes de deter o curso treinava os infantis do Povoense, casa onde ainda hoje está a treinar os séniores. “A parte fundamental de um treinador no balneário é unir uma equipa. A partir do momento em que eu consigo unir a equipa e faço um bom grupo tenho meio caminho andado para o sucesso. Porque tenho os jogadores comigo e eles vão no campo suar a camisola por nós e pelo clube. Se não fizer bem esse trabalho não vou ter sucesso. Nenhum treinador é bom sem ter os jogadores consigo. É preciso psicologia no balneário. Saber lidar com as situações menos agradáveis. Nos plantéis grandes obrigam-nos a sermos bastante elásticos porque é complicado, por exemplo, quando um jogador está várias semanas sem ser convocado e fica com o moral em baixo”, explica o nosso interlocutor.O seu palmarés parece mostrar a paixão que deposita na profissão. Libério Lopes foi um dos poucos treinadores que foi campeão em todos os escalões. Desde os infantis até aos seniores. “Subi sempre as equipas onde estive mas os treinadores fazem-se com as equipas que têm. Fui um sortudo por ter apanhado sempre bons jogadores. Obviamente que depois a gestão do plantel faz o resto”, remata. Libério treina e instrui a sua equipa durante toda a semana para os encontros que se realizam ao fim-de-semana. Coloca os jogadores a fazer treinos específicos consoante os adversários que se aproximam. Faz a gestão do esforço e pré-selecciona os candidatos a titulares. “O futebol hoje em dia não é só jogar à bola, já obriga a factores de treino que envolvem também a vida pessoal de cada jogador. Por exemplo, eu treino homens que trabalham nas obras como treino engenheiros. Tenho de me lembrar que um homem que trabalhe nas obras não está com a mesma vivacidade e frescura física de alguém que trabalhe sentado numa secretária. É toda essa junção de factores que faz uma boa equipa”, explica. Em dia de jogo Libério levanta-se sempre nervoso. “Tento alimentar-me como noutro dia qualquer mas depois da hora de almoço tento estar o mais concentrado possível. A hora antes do jogo é a mais tensa mas depois os nervos vão-se dissipando. A minha mulher já sabe que quando chego a casa mais chateado que a coisa não correu bem”, diz com um sorriso. O “mister” jogou futebol durante largas épocas mas uma lesão aos 20 anos encostou-o ao banco. “Lesionei-me no menisco e tive uma ruptura de ligamentos. A partir daí o futebol acabou”, lamenta. Conta como foi positivamente influenciado por Carlos Marques, “um mestre do futebol da Póvoa de Santa Iria”, e recorda episódios menos bons do futebol distrital. “Há uns anos, num campo onde vamos competir esta época, atrás de uma baliza estavam dois homens com uma enxada virada ao contrario a dizer que tínhamos de ganhar, senão...”, recorda com ironia.
O “mister” da Póvoa de Santa Iria que foi campeão em todos os escalões

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