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Documentário sobre escritor Urbano Tavares Rodrigues apresentado no museu

Durante sete meses António Castanheira cumpriu sempre o mesmo ritual. Todas as sextas-feiras, entre as 18h00 e as 19h00, visitava Urbano Tavares Rodrigues em sua casa e conversavam sobre a vida do escritor português. O resultado foi o documentário intitulado “Memória das Palavras”, produzido e realizado por António Castanheira, e apresentado na tarde de sábado, 24, no auditório do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. Urbano Tavares Rodrigues não compareceu a esta sessão por motivos de saúde.António Castanheira revelou, no final do visionamento do documentário, que as filmagens nem sempre foram fáceis. “Tive que recorrer à imaginação para aproveitar declarações importantes onde as imagens estavam péssimas. Como estávamos num ambiente informal e descontraído, o Urbano muitas vezes acendia o candeeiro e a luz ficava péssima. Existem conversas que se ouve o som do computador ao fundo. As conversas mais interessantes tinham grandes problemas de som”, contou o realizador que considera ter sido um acto horrível de censura ter que retirar declarações por motivos de tempo.O documentário começa com Urbano Tavares Rodrigues a mencionar aqueles que são, para si, os elementos fundamentais de uma obra literária. Eros, tempo, morte, revolução e máscaras. “A palavra “começo” é muito importante para mim. Penso muito antes de escrever um romance porque a história tem que bater certo e não se pode começar nada de ânimo leve”, ouve-se o escritor dizer no documentário.Durante cerca de 60 minutos, o autor de “Os Insubmissos” (1961), “O Eterno Efémero” (2005) e “Os Cadernos Secretos do Prior do Crato” (2007) partilha memórias, pensamentos e descodifica alguns personagens das suas obras. O documentário foi editado em 2008 e contou com o financiamento da Câmara Municipal de Penafiel, distrito do Porto, e o apoio da câmara de Moura, distrito de Beja.Contacto com a natureza marca a obraUrbano Augusto Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa, a 6 de Dezembro de 1923, mas passou grande parte da sua infância em Moura (Alentejo). Este primeiro contacto com a natureza, com as gentes do campo marcou-o profundamente, influenciando a sua obra. Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa, doutorando-se em 1984 com uma tese sobre o escritor Manuel Teixeira Gomes. Foi leitor de português em várias Universidades estrangeiras - Montpellier, Aix e Paris - entre 1949 e 1955, época em que se encontrava impedido de exercer docência universitária em Portugal por motivos políticos. É membro efectivo da Academia de Ciências de Lisboa e membro correspondente da Academia Brasileira de Letras. Autor prolífico e prestigiado da segunda metade do século XX em Portugal, a obra de Urbano Tavares Rodrigues, que está traduzida em diversas línguas, tem como característica principal a tomada de consciência do indivíduo face a si mesmo e aos outros.Colaborou com diversas publicações entre as quais o Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Vértice, Nouvel Observateur, tendo sido director da revista Europa e jornalista de O Século e de O Diário de Lisboa, periódicos onde fez crítica teatral. Enquanto repórter, percorreu grande parte do mundo, tendo reunido os seus relatos de viagem nos volumes Santiago de Compostela (1949), Jornadas no Oriente (1956) e Jornadas na Europa (1958).

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