O socialista Manuel Alegre defendeu, em Torres Novas, a existência de “um peso excessivo dos partidos que têm o monopólio da decisão política”. O convidado para a primeira sessão do Fórum da Cidadania, que se realiza até 5 de Dezembro na Escola Secundária Maria Lamas, em Torres Novas, disse ainda que devia haver uma alteração da lei eleitoral que permitisse a candidatura de cidadãos independentes em círculos uninominais para a Assembleia da República. “Os partidos têm medo dessa concorrência”, opinou, lembrando o sucesso alcançado pela sua candidatura independente à Presidência da República, assim como o movimento de cidadãos que apoiou a campanha Helena Roseta à Câmara de Lisboa, nas eleições autárquicas de 2007. Num fórum em que se debatia o tema “Cultura e Cidadania”, Manuel Alegre disse que “ainda há provincianismo mental” na sociedade portuguesa e deu o exemplo da polémica em torno do novo livro de José Saramago. “Discute-se tudo menos o que está dentro do livro. Espero que não queimem na fogueira o nosso Nobel da Literatura, seria uma vergonha para Portugal”, comentou. Alegre considerou que o “culto do dinheiro da sociedade contemporânea é uma barbárie” e “mata a liberdade”. “Sem liberdade cultural não há cidadania”, acrescentou. O poeta referiu ainda que a indústria cultural tem “mais peso no PIB da Europa do que o sector automóvel” e criticou o que chama de “novo gueto da globalização”, aludindo aos problemas gerados pelo encerramento de escolas, de postos médicos e de postos de correios no interior do país. Depois de Manuel Alegre, o Fórum da Cidadania prossegue com mais 15 sessões em que estão previstas as participações de Maria Barroso, Helena Pinto, José Manuel Ventura, Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, José Manuel Pureza, novo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Joaquim Gomes Canotilho, Maria do Céu Cunha Rego, David Justino, José Manuel Silva, Luísa Mesquita e Laborinho Lúcio.O Fórum da Cidadania é uma organização da associação “Civilis”, uma organização “cívica” que começou a promover debates em 2006, com o Foro da Educação e que, entre esse ano e 2007, organizou o Congresso da Cidadania, em vários locais do Distrito de Santarém.