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Um passatempo que se tornou profissão depois da reforma

Um passatempo que se tornou profissão depois da reforma

Adelaide Lagarto começou a produzir trajes folclóricos em miniatura para vestir a sua colecção de bonecas
Auxiliar de apoio e vigilância no Centro de Saúde de Alpiarça durante 34 anos, começou há cerca de 15 anos com este passatempo, que se transformou em profissão há aproximadamente três meses quando se reformou.Adelaide Lagarto, 61 anos, é, provavelmente, uma das melhores clientes de bonecas da vila da Nazaré. Todos os anos desloca-se aquela conhecida praia e traz dezenas de bonecas que utiliza como manequins do seu trabalho. Natural de Alpiarça, Adelaide Lagarto dedica-se à confecção de traje folclórico. Faz modelos para adultos e crianças, mas o que lhe dá mesmo prazer é produzir trajes em miniatura, do tamanho de roupa de bebé.Auxiliar de apoio e vigilância no Centro de Saúde de Alpiarça durante 34 anos, Adelaide Lagarto começou com este passatempo há cerca de 15 anos. Um passatempo que se transformou em profissão há aproximadamente três meses, altura em que se reformou. É na marquise de sua casa que passa grande parte do seu dia. Sentada diante da máquina de costura ou a ver televisão enquanto alinhava os tecidos com linha e agulha. Depois do tecido comprado, Adelaide deita mãos à obra, neste caso ao tecido. Desde as meias ao lenço da cabeça (comprado na loja) passando pelo saiote nada é deixado ao acaso. A antiga auxiliar conta mais de uma centena de bonecas vestidas por si. Até os sapatos são de sua autoria. Com um pequeno pedaço de sola que compra no sapateiro cose até ficar com o formato de um mini sapato.Adelaide Lagarto não sabe explicar como nasceu a paixão pela criação de roupa em miniatura. A reformada recorda-se de, em criança, adorar bonecas embora não as tivesse porque as dificuldades da época eram muitas. “Só tive uma boneca de papelão, mas quando lhe dei o primeiro banho, ela inchou e desfez-se. Fiquei sem boneca, mas fascinava-me ver as bonecas das outras meninas. E esse amor por bonecas nunca desapareceu”, recorda.Quem vê as roupas criadas por Adelaide não diz que a agora costureira aprendeu esta arte sozinha. Ainda andou uma semana a aprender o ofício mas não gostava e desistiu. Foi em casa a fazer roupas para a sua filha - que diz ter sido a sua primeira boneca – que aprendeu a costurar. “A minha filha era a minha boneca, andou sempre com roupas feitas por mim. Sonhava à noite com as roupas que lhe havia de fazer e no dia seguinte começava a cortar o tecido para colocar em prática as minhas ideias. Fui aprendendo aos poucos e aperfeiçoando a técnica”, conta a O MIRANTE.Nos dias em que resolve comprar umas peças de roupa para si não consegue deixar de comprar tecido para vestir as suas bonecas. Muitas vezes leva mais “roupa” para as suas “meninas” do que para si. Fazenda de lã, popeline e castorina para debruar as saias são os tecidos que mais utiliza nas vestes das suas bonecas. Sempre que os mini vestidos ganham pó ou amarrotam são lavados e engomados. Como qualquer outra roupa normal.Todos os anos, esta criadora de trajes folclóricos em miniatura expõe o seu trabalho na Feira de Alpiagra. Adelaide Lagarto é a responsável por grande parte dos trajes femininos que o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Alpiarça utiliza. O seu traje preferido é o de pescadora, composto pelos culotes – calções até ao tornozelo – saiote, saia, avental e camisa. O avental é todo debruado à mão o que, segundo a costureira, dá muito trabalho, demorando, no mínimo, “um serão inteiro” para acabar.As suas mãos de fada tornaram-se conhecidas em Alpiarça e arredores e os pedidos para outro tipo de costura não tardaram a surgir. Adelaide Lagarto começou por fazer os fatos de Carnaval das netas, mas actualmente não tem mãos a medir para responder às solicitações. Entre fatos de toureiro a cavalo e a pé, campino, forcado ou nazareno, Adelaide Lagarto recorda, com uma pontinha de orgulho, o menino que morava na Alemanha e que durante quatro anos consecutivos venceu o prémio de máscaras com fatos feitos por si.Adelaide recusa “pendurar” as agulhas e confessa ser feliz a fazer o que faz. “Sou incapaz de passar um dia sem costurar um bocadinho. É quase como uma terapia que me ajuda a manter a cabeça ocupada com coisas bonitas e que me dão prazer fazer”, explica, acrescentando que só a visão é que ficou prejudicada com o avolumar de trabalhos. Ana Isabel Borrego“Todos os anos, esta criadora de trajes folclóricos em miniatura expõe o seu trabalho na Feira de Alpiagra. Adelaide Lagarto é a responsável por grande parte dos trajes femininos que o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Alpiarça utiliza”
Um passatempo que se tornou profissão depois da reforma

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